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 | 20/11/2006 07h50min

Lula muda critério de reforma ministerial por pressão de aliados

Partidos da base governista indicarão os nomes

Depois de forte pressão dos aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu mudar um critério fundamental na reforma ministerial. Diferentemente deste mandato, em que o PT controlou praticamente todos os ministérios, ainda que em cargos menores, Lula sinalizou que vai entregar as pastas aos partidos da base governista com a "porteira fechada", que no jargão da política significa que o aliado indicará os ministros e os principais cargos.

O presidente Lula pediu que fosse feito um  mapeamento da participação dos partidos aliados no governo. Os ministros Tarso Genro (Coordenação Política), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) vão levantar a lista de nomeações políticas e os padrinhos dos detentores dos cargos federais nos Estados, no segundo escalão e nas estatais.

A cobrança desse novo critério por parte dos aliados, que é chamado também de verticalização, começou antes mesmo do fim do segundo turno da eleição presidencial. O PMDB foi o primeiro a reivindicá-lo. Nos bastidores, os principais líderes do partido mostram de forma clara que só aceitam ministérios totalmente livres, sem interferência do PT. O exemplo  começou a ser seguido por PL, PP e PTB.

– Os partidos são responsáveis pelo governo e pela gestão de setores da administração – disse o presidente do PMDB, Michel Temer, que quarta-feira reúne-se com Lula.

Os aliados lembram que os ministros partidários funcionaram até agora como rainhas da Inglaterra, já que o PT indicava o secretário executivo e ocupava outros principais cargos da pasta.  Lula, em reuniões reservadas, reconhece que errou.

Em conversa com o líder do PL, deputado Luciano Castro (RR), Lula antecipou que o partido receberia um ministério sem petistas.

– O presidente decidiu verticalizar a responsabilidade do partido no governo. Vai cobrar dos aliados acertos e erros dos ministérios. Ele disse que quer uma relação mais madura com a base e não como antes, quando o ministério era uma colcha de retalhos: o partido tinha ministro e o PT mandava embaixo – disse, numa referência ao Ministério dos Transportes,  que o PL comandou com Anderson Adauto, Alfredo Nascimento e atualmente com Paulo Sérgio Passos.

Num primeiro momento, o PT pôs filiados em postos estratégicos por desconfiar do PL. Nos bastidores, a defesa maior no governo é pelo modelo adotado no governo Fernando Henrique, que adotou a porteira fechada. Apesar de perder poder,  isolava o Planalto de eventuais irregularidades e escândalos envolvendo os  ministérios.

No sábado, o presidente afirmou, no Rio, que só pretende anunciar a reforma ministerial no início do ano que vem. Ele quer esperar a eleição das mesas diretoras da Câmara e do Senado para dividir as 32 pastas entre políticos do PT e de partidos aliados. Lula disse não ter pressa para escolher os novos ocupantes da Esplanada.

– Vejo a inquietação das notícias de que vai entrar ministro, vai sair ministro. Eu acabo de ganhar o jogo. O time é vitorioso. Por que tenho que ter preocupação em fazer mudança? – disse.

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