| 06/09/2002 22h05min
Cerca de 500 suinocultores participaram do protesto contra a crise catarinense no setor nesta sexta-feira, dia 6, em Chapecó. A distribuição de cinco suínos para a população foi uma forma de chamar a atenção dos governantes e da sociedade sobre o problema. Muitos dos participantes estão vendendo seus bens para poder pagar as despesas com a produção.
Severino Ebertz, de Seara, já vendeu neste ano uma casa com terreno por R$ 35 mil, uma caminhonete D20 por R$ 23 mil e um automóvel Gol por R$ 5 mil.
– Os suínos estão comendo meu dinheiro – disse o suinocultor ao Diário Catarinense, enquanto colocava uma nota de R$ 5 na boca do animal.
Outro suinocultor, Érico Tormen, de Chapecó, está perdendo R$ 16 mil por mês. Com o quilo do suíno a R$ 1,12 ele perde R$ 32 para cada um dos 500 animais que vende por mês. Nos dois últimos anos ele investiu R$ 300 mil para aumentar o número de criadeiras de 120 para 340. Agora tem que fazer novas dívidas para pagar as antigas.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Clair Dariva, disse que, enquanto as indústrias de automóvel ganham redução de impostos do governo, os suinocultores não conseguem nem reduzir a alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 7,5% no Estado, contra 0,1% em Minas Gerais.
A venda de milho para o exterior no ano passado e a falta de estoques do governo federal para regular o preço do produto neste ano foram criticadas. O secretário-geral da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, Enori Barbieri, espera que na próxima quarta-feira, dia 11, o governo federal apresente alguma proposta sobre as reivindicações de importações de milho não transgênico, crédito de R$ 200 por matriz para manutenção e prorrogação de dívidas de suinocultores. Na oportunidade também será realizada uma reunião com representantes do Ministério da Agricultura e redes de supermercados, para uma campanha nacional de incentivo ao consumo de carne suína.
Os suinocultores elaboraram um documento, a Carta de Chapecó, que será encaminhado às autoridades competentes.
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