| 21/11/2006 08h37min
Aos 33 anos, ele segue sem freio na língua. Desta vez, não fala como ídolo gremista, mas como torcedor. Danrlei ressurge para confessar: sonha defender o time do coração na Libertadores 2007. Em entrevista exclusiva, concedida ao Diário Gaúcho no Porto (Portugal) o goleiro do Beira-Mar, de Aveiro, onde joga desde agosto, revela que já contatou o Grêmio para jogar o que seria sua sétima Libertadores. Além disso, conta bastidores de sua saída do Olímpico, em atrito com o treinador Adilson Batista.
Diário Gaúcho - Como é a experiência de jogar na Europa?
Danrlei - Maravilhosa. Embora o Beira-Mar seja um time modesto (está na antepenúltima posição do Campeonato Português, com sete pontos em 30 disputados), estou realizado por ter esta vivência. Aqui temos muito treino e pouco jogo. Sinto-me em grande fase, até por estar mais experiente. Nem parece que fiquei sete meses só treinando em academia.
DG - Mas não és
titular...
Danrlei - Joguei quatro de nove
jogos. Comecei bem, mas o time não vencia. Daí o técnico trocou meio time. Seguimos sem ganhar e ele caiu. Agora deverá ser melhor.
DG - Pensas em encerrar a carreira por aqui (na Europa)?
Danrlei - Nem pensar! Quero um dia voltar para o Brasil e jogar até os 39 anos. Tenho contrato com o Beira-Mar até julho de 2007 e posso renovar por mais duas temporadas, mas...
DG - Mas...
Danrlei - Vou te contar uma coisa: sonho voltar para jogar a Libertadores 2007 pelo Grêmio. Acordo todo o dia pensando nisso, chega a me agoniar! Acompanho o time pela Internet todos os dias e estou muito feliz porque acredito que o time já tenha garantido vaga na Libertadores (a entrevista foi feita antes de Grêmio 3 x 1 Santa Cruz).
DG - Jogar a Libertadores é desejo de muitos. Tiveste vontade de defender o Tricolor em 2005, na Segundona?
Danrlei - Jogaria sim,
mas não fui procurado.
DG - E agora, foste procurado?
Danrlei -
Não, mas algumas conversas neste sentido estão ocorrendo. Ainda não sei qual é a vontade do presidente do clube ou do treinador, que são excelentes profissionais. Se me derem ao menos a chance de conversar, pego avião aqui na mesma hora!
DG - E o salário? E a causa na Justiça (Danrlei entrou com processo para receber atrasos salariais)?
Danrlei - Assino um contrato em branco se precisar para jogar no Grêmio. Salário não será problema. Sobre a questão judicial, deixo claro que foi uma ação que tive de tomar porque as pessoas que dirigiam o clube em 2003 não me deram outra opção. Quero saber se há mágoa sobre isso no clube. Daí, poderei esclarecer qualquer dúvida que possa prejudicar meu retorno.
DG - O que leva um ídolo gremista a clamar por retorno?
Danrlei - O Grêmio é minha casa, minha referência de vida. Sou apaixonado pelo clube. Por mim, jamais teria saído, senti-me uma barata tonta. Sei
que um dia vou voltar, seja agora ou daqui há um tempo.
Idade não é problema: há outros exemplos, como Rogério Ceni e Clemer.
DG - O que achas de Galatto e Marcelo Grohe?
Danrlei - São dois jovens goleiros que estão mostrando valor e ajudaram o Grêmio a chegar onde está. Mas, pelo que sei, têm azar de se machucarem com freqüência.
DG - Tua volta não barraria a carreira deles?
Danrlei - Pelo contrário. Só tive sucesso porque convivi com goleiros experientes, como Ademir Maria, Gomes, Sidmar... Quando falo em voltar, não significa ser titular. Isto é decisão do técnico.
Grêmio nega interesse
A diretoria tricolor nega o interesse no retorno de Danrlei ao Estádio Olímpico. Segundo a direção, apesar de ter marcado época e ser uma legenda do clube, o goleiro é muito caro, e os dirigentes afirmam estar satisfeitos com Marcelo Grohe e Galatto.
– Nossos goleiros para
2007 serão Marcelo e Galatto. Não vamos contratar goleiros. Nem Danrlei, nem ninguém – afirma o diretor
de futebol Paulo Pelaipe.
O cartola ainda disse que, no momento, ainda não estão sendo feitos contatos para contratar reforços. Por enquanto, as únicas negociações na Azenha são com procuradores de atletas que estão no elenco e com contrato até o fim deste ano.
Saída do Olímpico, o drama
Danrlei segue jurando que nunca brigou com o técnico Adilson Batista, que o tirou do time no final de 2003, quando o Grêmio lutava para não descer à Série B. Mas revelou diálogos que teria travado dias após saber que perdera a camisa 1 para Eduardo Martini.
– Ele não me deu um motivo sequer pra me tirar do time. Por que isso? Aí, fiquei com a fama de ter brigado com ele.
Como o Grêmio safou-se de cair em 2003, a direção da época (presidente Flávio Obino e os diretores de futebol Evandro Krebs e Saul Berdichevski) renovou com o técnico Adilson, em janeiro de 2004. Foi a senha para Danrlei saber
que sua era no Olímpico estava acabando.
– O cara falou em coletiva
para a imprensa que eu estava liberado para procurar clube. Que falta de respeito! Enquanto isso, eu estava na sala do presidente ouvindo dele, em tom de brincadeira, acho, para fazermos um contrato de gaveta porque não acreditava que Adilson fosse longe. Como de fato não foi... mas eu não me prestaria a tanto.
Sete meses, o desespero
Entre a saída do Atlético-MG e o acerto com o Beira-Mar se passaram sete meses. Neste período, Danrlei admite que pensou em largar a carreira.
– Mas isto só nos momentos de desespero, principalmente quando dirigentes me elogiavam mas diziam que não me contratariam porque eu tinha a cara do Grêmio! Não podia crer que tudo o que eu ganhei estava se voltando contra mim!
Enquanto treinava em um academia de Porto Alegre, o goleiro abriu uma loja de roupas. Com a oportunidade de jogar em Portugal, deixou o negócio sob a responsabilidade de amigos.
Inter no Japão, a secação
Como todo gremista, Danrlei vive um semestre de agonia à espera da disputa do Mundial Interclubes pelo Inter.
– Ainda bem que não estou em Porto Alegre. Seria muito ruim ficar ouvindo os colorados...
Danrlei diz que não conversa com freqüência com Ronaldinho, mas tem confiança no amigo, craque do Barcelona:
– Não creio que o Ronaldinho vá deixar o Inter ser campeão do mundo. Já comprei até uma camiseta número 10 do Barça para o João torcer, em dezembro!
Se Danrlei recebeu proposta do Inter no início de 2006?
– Não! Nem acho que algum dirigente colorado teria coragem (risos). Nem eu seria louco para jogar toda minha carreira fora: a torcida que hoje me ama, me odiaria. E a que já me odeia me odiaria ainda mais a cada gol que tomasse!
FELIPE BORTOLANZA/DIÁRIO GAÚCHOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.