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 | 19/09/2002 20h42min

Exportações brasileiras superam importações em julho

Superávit alcança os 92 mil barris diários

Ainda que consuma mais petróleo do que produz, o Brasil exportou, em julho, mais óleo cru e derivados do que importou. Os dados, divulgados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), refletem um fato até então inédito no mercado brasileiro.

Foram importados 21,125 milhões de barris em julho. Desse total, 11,080 milhões de barris de petróleo bruto e 10,045 milhões de produtos refinados – diesel, nafta petroquímica, gás de cozinha e outros).  As exportações no mês somaram 21,217 milhões - 15,984 milhões de barris de óleo cru e 5,233 milhões de barris de derivados. Houve, portanto, um saldo positivo de 92 mil barris. 

Embora tenha vendido mais do que comprado, o país ainda gasta mais dinheiro com as importações do que arrecada com as vendas ao Exterior. Isso porque o óleo que importa é do tipo leve – mais caro, pois rende um volume maior de combustíveis nobres – do que o produto exportado. O óleo vendido no Exterior, produzido no campo de Marlim, é pesado (20 API) e não está adaptado às nossas refinarias. 

A balança comercial do setor teve um saldo negativo de US$ 59 milhões em julho, queda de 87% em relação ao déficit de US$ 456 milhões registrado em julho de 2001. Além da diferença de preço do óleo nacional e do importado, o fato de importar alguns derivados nobres mais valorizados – como nafta e Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)- explica também o maior dispêndio. 

Descoberto em 1985, o campo-gigante de Marlim responde pela exportação de cerca de 300 mil barris/dia, sendo o principal responsável pelo aumento das exportações brasileiras. Segundo especialistas do setor, se o país não investir em novas refinarias ou em adaptações das atuais, a tendência é de que o Brasil exporte óleo pesado e se veja obrigado a importar derivados.

A ANP prevê um déficit de 600 mil barris de derivados em 2010, o que justificaria a construção de três novas refinarias. Para a ANP, o recorde não é pontual e a tendência é o país consolidar a sua posição de exportador líquido de óleo, sobretudo por causa do crescimento das vendas de óleo cru.  Apesar do recorde de julho, o Brasil ainda têm um déficit na média mensal do primeiro semestre de cerca de 10 milhões de barris.

A Petrobras produz hoje cerca de 1,5 milhão de barris/dia. O consumo é um pouco menor do que 1,8 milhão. Essa diferença é coberta por importações de óleo e combustíveis.


 
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