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 | 16/01/2007 07h00min

Condenação de FH a acordo na Câmara preocupa Planalto

Governo teme que declarações acabem com favoritismo de Chinaglia

A reprovação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao acordo feito pela bancada do PSDB com o PT para a eleição da Câmara dos Deputados acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto. O governo teme que as declarações de FH contribuam para minar o favoritismo de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa com Aldo Rebelo (PC do B-SP). E também que potencializem o lançamento de um candidato alternativo e de oposição.

O assessor especial da Presidência e ex-presidente do PT Marco Aurélio Garcia, que assinou a carta pedindo apoio do PSDB a Chinaglia, disse que FH "não tem voto" na Câmara. E que, apesar de sua tentativa de mobilização dos tucanos, não acredita que isso afete o acordo. Tucanos e petistas haviam chegado a um entendimento na semana passada após Chinaglia prometer ao PSDB a 1ª-vice-presidência da Casa.

– Ele (FH) é presidente de honra do PSDB, tem direito de dar a opinião. Se resolveu se meter na campanha, está bem, mas este é um problema de briga interna do PSDB – disse Garcia.
 
A carta de desaprovação de FH fez recuar próceres do partido que avalizaram o acordo. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que emplacara o nome do deputado Nárcio Rodrigues (MG) para cargo da Mesa, mandou dos Estados Unidos, onde está em viagem, recados por meio de aliados de que não referendara a aliança PSDB-PT.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que as declarações
do ex-presidente são também briga interna e "uma tentativa de delimitar quem
vai comandar o PSDB pelos próximos anos":

– Ele (FH) faz isso não porque quer desestabilizar a democracia, mas certamente porque isso diz respeito ao futuro do PSDB. Até porque a terceira via ficou um pouco abalada agora com a baixa de Jungmann.

Tarso se referiu às recentes acusações contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE),
que integra a bancada que articula um terceiro nome para disputar a presidência da Câmara.

Na tentativa de justificar a importância do apoio dos tucanos à candidatura de Chinaglia, Tarso explicou que o acordo simplesmente restabelece uma regra tradicional da Câmara de que o maior partido deve governar a Casa e que essa praxe só foi desestabilizada em 2005 em razão de um racha na base governista, que resultou na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE).

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