O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), deu uma entrevista nesta quinta-feira para dizer que ainda está vivo na disputa pela presidência da Casa contra o atual presidente da Casa e candidato à reeleição, Renan Calheiros (PMDB-AL). Com a bandeira de um Legislativo independente, o senador apresentou propostas para limitar o número de medidas provisórias. Agripino oficializou nesta quinta-feira sua candidatura.

O senador evitou apresentar o balanço dos votos em seu favor, mas disse que conversou com senadores de todos os partidos.

– O Congresso, num regime democrático, precisa ser uma instituição para limitar poderes do Executivo e não coonestar tudo o que o Executivo quer. Quem fala pelos 67 milhões (de eleitores) que não votaram no Lula? Quero dar consistência ao contraditório – disse.

Agripino Maia disse que a América Latina vive, historicamente, ciclos. Citou o ciclo dos caudilhos, que favoreceu a instalação de regimes militares em países como o Brasil, Chile, Argentina, Peru e Uruguai, o ciclo dos golpes militares e agora, o que ele classificou de autoritarismo populista, a exemplo do que ocorre na Venezuela e na Bolívia. Para o senador, somente um Legislativo forte e independente pode evitar que o mesmo ocorra no Brasil.

– Não quero pedaço de poder. Quero prevenir a tentação autoritária. Quero até ajudar Lula a conter setores de seu governo – brincou, para depois completar:

– Lula não é de esquerda, mas setores do seu governo são.

Sobre a presidência da Câmara, Agripino Maia disse que o PFL não vai retirar o apoio a Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas disse que conversou ontem com o candidato tucano, Gustavo Fruet (PR), e que estão mantendo o diálogo sobre a disputa. A posição será mantida, segundo ele, para evitar que o petista Arlindo Chinaglia (SP) ganhe a eleição logo no primeiro turno:

– Porque se o PFL retirar o apoio, o Aldo retira a candidatura e o Chinaglia ganha no primeiro turno.

AGÊNCIA O GLOBO