| 19/01/2007 07h00min
A estratégia da oposição, que lançou a candidatura do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) à presidência da Câmara, de levar a eleição ao segundo turno tem boa chance de ser bem-sucedida. O próprio PT admitiu ontem a possibilidade de haver uma nova rodada de votação no dia 1º.
Até a aparição de Fruet, na terça-feira, o partido dava como certa a vitória do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), na disputa contra o atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP). Ontem, os petistas reconheceram que o cenário mais provável agora é de um segundo turno entre Chinaglia e Aldo.
Apesar de apostar que o lançamento de uma terceira candidatura leve o embate a outro turno de votação na Câmara, petistas acreditam que o ingresso do tucano na eleição rouba mais votos de Aldo do que do próprio Chinaglia.
Embora não admitam oficialmente, petistas também viram nas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dadas na quarta-feira, um sinal claro de que ele lavou as mãos na disputa pela comando da Câmara. Até então principal fiador da candidatura de Aldo à reeleição, o presidente recuou ao ver o crescimento de Chinaglia, evitando assim trazer para dentro do Palácio do Planalto uma briga da base do governo.
Segundo relato de um petista com trânsito no Planalto, Lula preferiu se esquivar da disputa agora para não sofrer desgaste maior com uma contenda que, na visão dele, era "desnecessária" e foi fomentada pela "fome" do PT em lançar um candidato próprio. Os três candidatos disseram que aceitam participar de um debate, ainda sem data e regras marcadas.
Pelo menos em estratégia de marketing, o candidato do PT à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), está em desvantagem em relação aos seus adversários. Aldo Rebelo (PC do B-SP), que tenta a reeleição, e Gustavo Fruet (PSDB-PR), candidato de oposição, adotaram amuletos para dar um toque de humor as suas campanhas, quebrando o clima tenso da disputa.
O primeiro foi Aldo, ao incorporar como símbolo da sua candidatura a figura do Corneteiro de Pirajá - que ordenou que tropas brasileiras avançassem a cavalaria sobre forças portuguesas, em 1823. Mesmo constrangido, Fruet exibiu no Congresso uma miniatura em cerâmica de Ulysses Guimarães, morto em 1992. Presenteado por um amigo de seu pai, Fruet disse ter pensado bastante se deveria expor o mascote porque não gosta de criar factóides, mas no final prevaleceu o bom humor. O tucano diz querer provocar recordações de políticos importantes para o país, como o deputado do PMDB:
– O importante é o que dizia Ulysses: "o caminho para a verdade é a controvérsia, o debate e o diálogo".
Confrontado sobre a idéia dos adversários, Chinaglia disse que poderia pensar na idéia. O petista afirmou ter mandado imprimir a bandeira do Brasil e as duas cúpulas do Congresso na carta que enviará aos deputados pedindo votos:
– Pode ser que esses sejam os símbolos da minha campanha.
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