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Bocas-de-urna na Alemanha mostram projeções contraditórias

Pesquisas de boca-de-urna divulgadas imediatamente após o encerramento das eleições parlamentares da Alemanha, neste domingo, 22 de setembro, mostram projeções contraditórias. Algumas indicam a vitória do chanceler social-democrata Gerhard Schroeder, enquanto outras apontam para um triunfo do conservador Edmund Stoiber, em ambos os casos por estreita margem de votos.

De acordo com a boca-de-urna da rede NTV, o Partido Social Democrata, de Schroeder, aparece com 237 cadeiras no Parlamento. Os Verdes, do ministro do Exterior Joschka Fischer, devem ficar com 56 assentos, ainda de acordo com essa projeção.

A coalizão dos democratas cristãos e da União Cristã Social (CDU-CSU), liderada por Edmund Stoiber, ficaria com 234 cadeiras, segundo a NTV. Os Democratas Livres, que seriam o mais provável parceiro de governo da CDU-CSU, teriam 46 assentos, de acordo com as projeções.

O Partido do Socialismo Democrático, herdeiro do Partido Comunista da antiga Alemanha Oriental, teria 25 assentos, segundo a boca-de-urna.

Outra projeção, da RTL-Forsa, mostra a CDU-CSU, de Stoiber, com 39,2%, o SPD, de Schroeder, com 37,8%, os Verdes, de Fischer, com 8,8%, e os Democratas Livres, com 7,2%.

Candidato a um segundo mandato como chanceler, Schroeder chega à eleição mais disputada dos últimos 30 anos na Alemanha tentando se desvencilhar de uma declaração desastrada proferida quatro anos atrás, de que só mereceria a reeleição caso cortasse pela metade o número de desempregados. O desemprego cresceu, atingindo 4 milhões de pessoas, e deu alento a Stoiber.

No encerramento da campanha, um episódio envolvendo a ministra da Justiça, Herta Daeubler-Gmelin, teve o efeito de uma bomba e reduziu a já escassa vantagem de Shoroeder. Crítica da obsessão do presidente dos EUA em atacar o Iraque, Herta teria comparado George W. Bush a Hitler.

Stoiber, 60 anos, já esteve em situação muito mais confortável. Até dois meses atrás, liderava com folga a disputa pelas intenções de voto, graças à estratégia de enredar o atual chanceler nos aspectos mais delicados de seu governo. Excluindo a concessão de cidadania aos filhos de estrangeiros nascidos na Alemanha, que antes não tinham direito a um passaporte alemão, Schroeder, 58 anos, não obteve êxito na maioria dos grandes temas de sua plataforma eleitoral de quatro anos atrás. O Leste alemão (a antiga Alemanha Oriental, comunista) não cresceu tanto quanto se esperava, e os investimentos na infra-estrutura depois da reunificação sobrecarregaram a economia.

As inundações que deixaram boa parte da Alemanha submersa há cerca de um mês, porém, provocaram uma reviravolta. Schroeder agiu com rapidez no socorro aos atingidos e saiu do episódio com imagem de estadista. Em quatro semanas, cresceu sete pontos nas pesquisas. Uma reviravolta na política externa também desviou a atenção de Stoiber para Schroeder. Rompendo o compromisso de “solidariedade internacional” feito a Bush, depois dos ataques de 11 de Setembro, Schroeder foi pioneiro ao criticar uma possível intervenção americana no Iraque e afirmar que, em caso de ataque, a Alemanha não apoiaria os EUA nem militarmente, nem financeiramente.

Stoiber não assumiu uma posição clara, e o tema dominou boa parte dos dois debates na TV, os primeiros na história alemã. Schroeder e Stoiber também têm personalidades opostas. Schroeder já se divorciou três vezes e desde 1996 está casado com uma jornalista. Stoiber tem um casamento mais convencional.

Os alemães elegem seus representantes para o Bundestag (Câmara baixa do parlamento, equivalente à Câmara dos Deputados brasileira), que por sua vez escolhem o chanceler.


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