| 26/01/2007 12h37min
Após o mal estar com a opinião pública, com a fracassada proposta de praticamente dobrar os vencimentos dos parlamentares, os três candidatos a presidente da Câmara defenderam nesta sexta-feira o reajuste dos salários pela inflação. Em debate no jornal Folha de S.Paulo, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição, e o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), não se comprometeram com a equiparação dos vencimentos dos parlamentares com o dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), embora já tivessem prometido brigar por ela.
A mudança de tom já tinha sido sentida nesta semana, quando Chinaglia e Aldo divulgaram as cartas com promessas de campanha aos colegas deputados, nas quais o aumento salarial não foi tratado como prioridade, depois do lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR), que assumiu a defesa da ética como bandeira eleitoral.
No debate na Folha, o tucano disse que discussão já apresenta um ganho para a sua
candidatura. Fruet afirmou também
ser favorável à transparência e ao controle dos gastos dos deputados por meio das chamadas verbas indenizatórias. Para o candidato, essa medida está entre as que devem ser tomadas para resgatar o prestígio do Parlamento.
Aldo admitiu que o debate político sobre o novo salário dos deputados está se encaminhando para um aumento baseado na inflação acumulada desde 2003, em vez do reajuste de cerca de 90%.
– Essa proposta é a mais prudente – afirmou.
O presidente da Câmara fez questão de ressaltar que o reajuste de 90%, discutido em dezembro passado, foi decidido em uma reunião com todos os líderes partidários na Câmara. Segundo o deputado, com exceção dos líderes de PT, PSOL e PV, todos os demais líderes, sem exceção, apoiaram esse número. Ele ressaltou que a proposta de reajuste com base apenas na inflação também foi apresentada naquela reunião e não foi aprovada.
O candidato do PT criticou a maneira como foi conduzido o aumento
dos parlamentares. O fato de a discussão não ter
passado pelo plenário foi um erro, na avaliação do deputado. Chinaglia afirmou ainda que não há sequer um deputado defenda o aumento de 91%. Por outro lado, o candidato do PT considera injustas as diferenças entre os salários da cúpula dos Três Poderes.
– Os ministros do STF ganham três vezes o que ganha o presidente da República – comparou.
Chinaglia quer que o salário dos deputados federais e senadores passem a ser o teto da remuneração em todo o serviço público. Para ele, essa medida deve ser adotada porque o Poder Legislativo é mais transparente. Por isso, qualquer que seja o teto, ele deve ser o salário do Legislativo, defendeu o candidato. Mas a questão não deve ser decidida unilateralmente.
– Vou procurar os outros poderes para saber o que pensam – disse.
Aldo apresentou ainda uma proposta de congelamento dos salários dos ministros do Supremo, que hoje representam o teto do funcionalismo público (R$
24.500), até que se decida de vez o teto para todas as
carreiras públicas dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Na segunda-feira, os candidatos voltam a discutir suas propostas em debate na TV Câmara, às 11h.
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