| 03/10/2002 00h50min
A inédita presença do governador Esperidião Amin (PPB) aumentou a temperatura e a pressão do último debate eleitoral. O candidato à reeleição concentrou as atenções, críticas e ataques dos demais concorrentes ao Palácio Santa Catarina – Luiz Henrique da Silveira (PMDB), José Fritsch (PT) e Sérgio Grando (PPS).
Logo no primeiro bloco, quando Fritsch falava nos salários dos servidores, Amin quis intervir, mas foi impedido pelas regras do debate. Em seguida, estabeleceu-se a polêmica em torno do Besc. Luiz Henrique mencionou a carta em que o atual governador comprometera-se a manter o banco público, embora tenha, com a federalização, encaminhado-o à privatização. Atribuiu a decisão aos "acordos com (o senador) Jorge Konder Bornhausen que é privatista". Amin disse que apenas defendeu a salvação do Besc e acusou os ex-diretores do governo do PMDB de responsabilidade pelo buraco de R$ 780 milhões que teria sido maquiado pelo balanço de 1998.
No segundo bloco, quando o candidato sorteado poderia escolher a quem e o que perguntar, Fritsch enumerou a Amin o desemprego, o aumento da dívida, a possível privatização do Besc e os pisos salariais praticados no Estado para questionar se ele quer ser de novo governador para continuar agravando esta situação. Amin disse que os números, como o de 300 mil empregados, não são verdadeiros. E passou a discorrer sobre investimentos em agricultura e em fomento de crédito. Ao que Fritsch reclamou que, se antes o governador "fugia" do debate, agora fugia das questões. Esta etapa ainda teve a polêmica sobre a dívida do Estado. Ao final, Amin tentou constranger Fritsch, questionando-o sobre sua opinião sobre a vacinação contra a febre aftosa no Estado, mas o petista condenou o governador por tentar transformar um assunto técnico em político. Na ocasião, os sindicatos e algumas prefeituras do Oeste queriam vacinar rebanhos, a exemplo do que fazia o Rio Grande do Sul. Amin sustentou que o Estado conseguiu exportar mais carne suína por conta do atestado de área livre e sem vacinação. Fritsch então criticou o governo por ter "feito alarde" em torno de um mercado que não existiu, agravando com o aumento de plantéis a crise na suinocultura.
No terceiro bloco, a questão da segurança motivou nova troca de farpas entre os candidatos (veja quadro abaixo). Fritsch aproveitou – em pelo menos dois momentos do debate – para relacionar Luiz Henrique ao governo FHC e ao candidato tucano José Serra, igualando-o a Amin, e diferenciando-se com o palanque de Luiz Inácio Lula da Silva. Nas duas ocasiões, Luiz Henrique evitou a defensiva, restringindo seus compromissos à aliança estadual com o PSDB e a sua história partidária. Quando questionado sobre a influência do PMDB no Ministério dos Transportes, Luiz Henrique disse que se "faltou prestígio" foi do governador e citou a precariedade de rodovias como as BRs 116, a 282 e a 470. Amin repetiu: "Três estradas, três inverdades". Diante da tentativa de Luiz Henrique de direito de resposta, o governador tentou demonstrar que o adversário havia perdido o controle.
O quarto bloco serviu de anticlímax. Ao retornarem ao debate que havia esquentado alguns pontos, os candidatos adversários adotaram a estratégia de isolar e ignorar o atual governador. Ele não foi questionado por nenhum dos três que trocaram gentilezas e oportunidades de apresentarem propostas sobre geração de emprego, concessão de crédito a pequenos e micros agricultores e empresários, sobre descentralização da saúde. Os três ex-prefeitos também aproveitaram as brechas para dar atestado de competência nas administrações de Joinville, Chapecó e Florianópolis.
Amin então resolveu abordar o tema dos precatórios, questionando se Luiz Henrique negociaria o pagamento dos títulos com os credores. O peemedebista revidou dizendo que o "pai dos precatórios" não teria o direito de falar sobre o assunto, ao contrário dele que jamais participou desta operação financeira.
As informações são do Diário Catarinense.
José Fritsch, Esperidião Amin, Luiz Henrique da Silveira e Sérgio Grando estiveram presentes
Foto:
Julio Cavalheiro
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DC
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