| 03/10/2002 23h42min
O segundo bloco do debate entre os quatro principais candidatos à Presidência da República, realizado na noite desta quinta-feira, 3 de outubro, na Rede Globo, foi marcado por muitos ataques ao governo Fernando Henrique. Direitos de respostas e até mesmo "puxão de orelha" do mediador pedindo maior seriedade dos participantes marcaram alguns dos momentos de maior tensão. Pela regra, os candidatos podiam fazer perguntas sobre temas variados e escolhiam o adversário para responder. Após resposta, réplica e tréplica, eles eram questionados pelo mediador.
Sorteado, o candidato do PSDB José Serra foi o primeiro a formular pergunta e questionou seu adversário do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a tarifa de ônibus cobrada na cidade de São Paulo, administrada pelo partido. Segundo o tucano, a passagem dos coletivos paulistanos está entre as mais caras do país. Lula defendeu a gestão de prefeita Marta Suplicy, argumentando que ela negociou com os empresários do setor de transporte e renovou parte da frota.
Respondendo a pergunta do mediador William Bonner sobre tarifas públicas, o presidenciável José Serra disse que tarifa pública tem que ser controlada e não pode subir desproporcionalmente. Serra destacou que em sua gestão no Ministério da Saúde implantou a política de remédios genéricos, baixando o preço dos produtos, diferentemente das administrações petistas, que sofrem pela falta de experiência. Lula também defendeu controle das tarifas públicas pelo governo. Ele reconheceu melhorias na área de saúde no atual governo, como no caso dos genéricos, mas disse que Serra deveria ter a humildade de admitir que a política dos genéricos é uma iniciativa copiada do PT.
A seca no Nordeste foi o tema da pergunta de Lula ao candidato Anthony Garotinho (PSB). Garotinho afirmou que é necessário promover a transposição do rio São Francisco. Ele também disse que é necessário solucionar o assoreamento que lá existe. Citou ainda o que chamou de programa sério de poços artesianos. Lula, em seu comentário, disse que a fome causada pela seca é "irresponsabilidade do governo", e que é preciso estabelecer formas de contornar os problemas provocados pela falta de água.
Garotinho também aproveitou para criticar o governo de FH e afirmou que a tecnologia já seria capaz de resolver o problema da falta de água no Nordeste.
– Não resolver é falta de compromisso.
O mediador do debate perguntou a Lula se ele é contra ou a favor da transposição das águas do Rio São Francisco. Lula disse que é necessário primeiro recuperar a cabeceira do rio, vítima de desmatamento e degradação. Em seguida, Willian Bonner perguntou a Garotinho se ele pretende recriar a Sudene e como evitar a corrupção nela. Garotinho disse que o seu compromisso é uma Sudene blindada contra a corrupção. Em seguida, ele criticou Lula, afirmando que ele não respondeu à pergunta sobre a transposição. O petista pediu direito de resposta, na qual afirmou que não quer ser simplista, dizendo que é contra ou a favor.
Na pergunta destinada a Ciro Gomes, Anthony Garotinho perguntou se em seu governo ele adotaria o a política do "corralito" (limites aos saques bancários), como na Argentina e Uruguai. Na questão, Garotinho acusou o presidente FH e José Serra de apresentar um projeto de lei que prevê que "a união poderá fazer empréstimo compulsório se a conjuntura exigir". Segundo o presidenciável do PSB, o texto do projeto significa confisco. Ciro Gomes criticou a medida adota pelos governos argentino e uruguaio e afirmou que durante sua administração as cadernetas de poupança serão rigorosamente respeitadas. Garotinho também atacou as medidas econômicas adotadas pelo presidente Fernando Henrique ao dizer que "não é possível convivermos com altas taxas e investimentos só para o setor financeiro".
Serra teve o direito de se defender e disse que seu projeto prevê empréstimo compulsório, "o que não tem nada a ver com confisco de poupança".
Ciro Gomes atacou novamente a governo Fernando Henrique ao perguntar para José Serra o que deu errado no Brasil. Ele listou uma série de problemas que ilustrariam a atual situação do país. Serra defendeu arduamente o presidente citando uma série de programas de assistência implantados durante o atual governo. Serra disse que não tem uma visão pessimista sobre o Brasil, embora saiba que o país ainda tem inúmeros problemas.
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