| 10/10/2002 13h25min
Um estudo do Banco Mundial divulgado nesta quinta-feira, dia 10, afirmou que as falhas no sistema de educação na América Latina estão deixando a região cada vez mais atrasada em relação aos tigres asiáticos e aos países desenvolvidos. Com poucas exceções, os países da América Latina e do Caribe sofrem atrasos em quase todos os indicadores relacionados com qualidade de educação e de tecnologia, desde o número médio de anos de estudo de seus habitantes até a quantidade de patentes que os pesquisadores registram.
– O déficit em termos educacionais na América Latina é profundo – afirmou o organismo em seu estudo Fechando a Brecha na Educação e Tecnologia.
O Bird atribuiu a falta de um bom sistema educacional ao crescente aumento da pobreza da América Latina e do Caribe em relação a outras regiões. Entre 1950 e 2000, a renda per capita anual na região duplicou de 3.000 para 6.200 dólares, enquanto os países-membros da OCDE triplicaram suas rendas no mesmo período.
– A América Latina sofre déficits significativos de tecnologia e de baixas taxas de crescimento da produtividade – afirmou Guillermo Perry, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe. – Estas brechas são agora mais significativas que as brechas financeiras.
A América Latina teve fortes altas da produtividade antes de 1980, mas desde então apenas o Chile vem registrando uma boa expansão, enquanto Argentina, Bolívia, Costa Rica e Uruguai apresentam crescimentos "respeitáveis''. Já no Brasil, a produtividade caiu 0,5 por cento na década de 1990. Entre 1990 e 1999, a América Latina e o Caribe tiveram um aumento anual da produtividade de 0,45%, contra a alta de 2,01% no sudeste da Ásia e o Pacífico.
As únicas regiões com rendimentos piores que a América Latina foram o leste da Europa e a África subsaariana. Os fracos índices de produtividade se devem em grande parte a um sistema de educação que não prepara a população para trabalhar com as novas tecnologias, afirmou o Banco. Segundo o estudo, os adultos latino-americanos têm um ano e meio a menos de escolaridade do que se poderia esperar dada a renda per capita.
Enquanto a maioria dos países da região mostra altos números de matrículas na escola primária, se observam "déficits maciços'' nas matrículas na escola secundária. O estudo cita o caso do Brasil e da Malásia, com níveis similares de renda per capita, em que "apesar desta igualdade, a média de anos de educação dos adultos da Malásia... é mais de três anos superior à dos adultos brasileiros''. A escassez de pessoas com escolaridade secundária não proporciona às empresas latino-americanas uma quantidade suficiente de funcionários qualificados, segundo o organismo.
– A região também se encontra muito abaixo do sudeste da Ásia no uso de computadores e registro de patentes, indicadores que sugerem uma falta de capacidade de usar a tecnologia e de inovação para fortalecer a produtividade.
Além de os latino-americanos terem menos anos de educação, a qualidade dela é inferior. O estudo cita provas internacionais de alunos do Chile e da Colômbia, países que terminaram nos últimos lugares. Para aumentar a produtividade, o Bird recomenda que os países da região aumentem o investimento em educação, permitam a entrada de novas tecnologias por meio do investimento e do comércio e estimulem as pesquisas e o desenvolvimento dentro do setor privado. As informações são da agência Reuters.
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