| 15/10/2002 12h42min
Em meio a promessas de defender o presidente Saddam Hussein até a morte, os iraquianos votaram na terça-feira, dia 15, em um referendo do qual o governo seguramente sairá vencedor por ampla margem. As autoridades pediram o comparecimento de todos para garantir um novo mandato a Saddam e demonstrar unidade contra a ameaça militar dos Estados Unidos.
– Com nosso sangue e nossas almas, vamos defender Saddam Hussein – cantavam simpatizantes dele em um local de votação no centro de Bagdá.
Levando a promessa a sério, um eleitor cortou o dedo e escreveu "sim'' na cédula com seu próprio sangue.
– Darei de tudo por nosso grande líder – declarou.
– Saddam é o orgulho de minha nação – gritavam outros.
– Isto é o Iraque e o povo do Iraque – disse o vice de Saddam, Izzat Ibrahim, a jornalistas na sua seção eleitoral. – Como a América vai combater esse grande povo? Quanto a América vai perder e com que razão?
Logo depois da abertura das urnas, simpatizantes do presidente começaram a comemorar a vitória de Saddam no referendo, dançando e sacrificando ovelhas, como manda a tradição das festas árabes.
– Votei um grande sim a Saddam e um grande não a Bush – afirmou o eleitor Mohammad Khalil. – Ninguém pode nos dizer quem nosso líder deve ou não ser. Queremos Saddam Hussein.
Órgãos públicos, escolas e muitas lojas fecharam suas portas na terça-feira para permitir que os eleitores votassem. Em meio a um trânsito muito reduzido, carros passavam buzinando, cobertos por bandeiras e fotos de Saddam. O que está em jogo é um novo mandato de sete anos para Saddam, que já governa há 23 com férreo controle sobre a polícia e os militares.
O resultado oficial deve ser divulgado na quarta-feira. Mas como não há observadores independentes ou outros candidatos, o resultado é amplamente previsível. Em 1995, no primeiro referendo desse tipo, Saddam conseguiu 99,96% dos votos. Reservadamente, as autoridades dizem que querem aumentar esse número, alguns sonhando até com o 100%.
– A voz unificada do Iraque declarando: sim, sim ao líder Saddam Hussein, ensurdecedor para o pequeno Bush e os funcionários do seu governo do mal – disse o jornal Al Jumhuriya em editorial.
O próprio Saddam, que raramente aparece em público, não foi visto votando. Escolhido para a presidência em 1979, ele já sobreviveu a duas guerras e a várias tentativas de golpe. Mas agora deve enfrentar o maior desafio de sua vida: a disposição de Bush em removê-lo do poder. Bush acusa Saddam de desenvolver armas de destruição em massa e busca na ONU apoio para uma ação militar contra ele. O Iraque nega a posse de armas químicas, biológicas e nucleares. As informações são da agência Reuters.
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