| 18/10/2002 10h08min
O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon (foto) regressou na sexta-feira, dia 18, de uma viagem aos Estados Unidos, onde se reuniu com o presidente George W. Bush, para enfrentar um clima tenso em seu país, o que ameaça os esforços de Washington de tranquilizar a região em busca de apoio árabe a um possível ataque ao Iraque.
A situação se agravou com a morte de pelo menos seis palestinos na quinta-feira, dia 17, quando foguetes israelenses destruíram casas em um campo de refugiados perto da fronteira com o Egito depois que atiradores palestinos dispararam contra escavadeiras do Exército que trabalhavam na região.
Colaborando com o clima tenso, um líder do grupo islâmico Hamas prometeu vingar a morte dos palestinos "com uma forte resposta, não só do Hamas, mas de todas as facções, para banir o inimigo sionista (Israel)''. Outro grupo palestino, este de caráter laico, as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, prometeu responder à agressão em 24 horas.
Sharon não tem nenhum encontro marcado para discutir a situação na sexta-feira, mas deve reunir seu gabinete no domingo, como é habitual. Ele não deu declarações ao desembarcar, mas seus assessores disseram que ele reiterou em Washington que não está disposto a abandonar a ação militar contra a Intifada (rebelião palestina).
O ministro palestino Saeb Erekat, que na quarta-feira manteve com o chanceler Shimon Peres a primeira reunião de alto nível entre os dois lados em várias semanas, disse que "cada vez que há um movimento para romper o círculo vicioso de violência, o Exército israelense responde com grande poder de fogo contra os civis palestinos''. O agravamento da situação pode prejudicar a visita do enviado norte-americano William Burns à região.
Burns chega na sexta-feira ao Cairo e também passará por Israel e pelos territórios palestinos, na tentativa de incentivar a retomada do processo de paz. A Autoridade Palestina chamou de "massacre'' o bombardeio das casas no campo de refugiados de Rafah e voltou a pedir a presença de observadores da ONU, medida à qual Israel se opõe. O Exército pediu desculpas pela morte de civis no campo, mas ainda assim foi alvo de críticas.
– Quantas vezes dá para dizer 'foi sem querer'? – disse o líder da oposição israelense, Yossi Sarid. – O escalão político deveria conter os militares, pois de outra maneira vamos sofrer um desastre militar, político e moral. Mas a culpa é nossa por nos colocarmos na companhia de países acusados de crimes de guerra.
O vice-ministro da Defesa, Weizman Shiri, disse que a culpa das mortes em Rafah é dos próprios palestinos.
– O fato é que eles estão usando mulheres e crianças não só como abrigo, mas também como escudo de proteção, e isso é uma tragédia – afirmou.
Em Rafah, os moradores iniciaram o macabro trabalho de recolher os pedaços de corpos carbonizados e limpar poças de sangue, destroços e estilhaços deixados pelo bombardeio de quinta-feira. Entre as vítimas estão um quitandeiro, uma cliente dele e uma menina de dez anos. Outras 60 pessoas ficaram feridas.
Na sexta-feira, dia 18, no norte da Faixa de Gaza, soldados abateram a tiros um palestino que havia atacado sua guarnição com explosivos e granadas. O Hamas disse que o homem morto era militante do grupo. As informações são da agência Reuters.
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