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Na quarta-feira, dia 23, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne novamente para decidir sobre a taxa básica de juros. Depois da elevação da Selic de 18% para 21% ao ano, há expectativas tanto de manutenção quanto de aumento. Enquanto os especialistas debatem se a taxa adequada para o momento seria de 21% ou 25%, os consumidores tentam se localizar no cipoal dos juros finais, que variam de 60% até mais de 300%, ou seja, 15 vezes acima da Selic.
A diferença entre o juro básico e o cobrado na ponta do consumo por bancos, lojas e financeiras (spread) é resultado da combinação do peso dos impostos e empréstimos compulsórios, da inadimplência e dos altos lucros dos bancos, explicam os especialistas. Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Asis, empresa especializada na análise de instituições financeiras, afirma que embora o governo abocanhe quase um terço do spread, a maior parcela ainda é apropriada pelos bancos. O ganho líquido chega a 37,5%, difícil de ser obtido na atividade produtiva.
– Outro problema é que a exposição ao crédito no Brasil é muito baixa – aponta Rodrigues.
No Brasil, nunca houve financiamento farto, concorda Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Por isso, os bancos cobram mais para emprestar. A proporção do volume de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) oscila ao longo dos anos, mas dificilmente passa dos 30%.
– O dinheiro é como qualquer mercadoria. Se há pouca oferta, o preço sobe – diz Oliveira.
Para reduzir a taxa básica e cobrar que os bancos troquem as operações de tesouraria – compra de títulos do governo – por concessão de crédito, observa o especialista, é preciso voltar a crescer. A expansão do PIB reduziria o peso da dívida pública e permitiria fazer cortes na Selic. Hoje, o governo precisa do juro alto para rolar os débitos, diz Oliveira. É um dos motivos pelos quais o Brasil lidera o ranking mundial do juro real – a taxa básica menos a inflação.
Quando compra a prazo longo, adverte, o consumidor paga duas vezes pelo produto, já que a taxa média anual do comércio no país é superior a 100%. Pesquisas mostram que a decisão de compra, na maioria dos casos, é fundada em duas vertentes: se o consumidor crê que continuará empregado durante o período do financiamento e se a prestação cabe no seu orçamento.
MARTA SFREDOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.