| 27/10/2002 20h30min
A área econômica do Itamaraty vai encaminhar na primeira semana de novembro um relatório completo sobre todas as negociações comerciais a equipe de transição do futuro governo. O documento deverá permitir ao presidente eleito a reavaliação da estratégia em vigor, em especial para as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), do acordo entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Européia e da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em dezembro, outro documento será encaminhado ao novo presidente e aos demais chefes de Estado do Mercosul – desta vez, sobre o futuro do bloco. A informação é do principal negociador do Brasil, o embaixador Clodoaldo Hugueney, subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty.
Apesar de deixar todos os detalhes para uma possível mudança no curso das negociações, Hugueney não recomenda ao novo governo uma guinada na política externa brasileira e, muito menos, o abandono da atual estratégia de manter o Mercosul como a base do processo de inserção internacional do Brasil e de discutir simultaneamente nas três principais frentes.
O próximo governo avaliará, inclusive, a ênfase maior ou menos para cada negociação – explicou Hugueney. Conforme argumentou, a palavra-chave em política externa é "credibilidade", algo que se adquire na medida que os parceiros possam desenvolver com o Brasil acertos sem correr o risco de vê-los alterados a cada passo. Além disso, Hugueney enfatizou que, diferentemente do que ocorre em outros campos da ação do governo, as operações na área externa demandam um período de tempo muito longo e atravessam várias administrações. Mudanças profundas nas orientações a cada posse de um novo chefe de Estado acabam por comprometer todo o processo de negociação.
• Acompanhe todos os números da apuração no especial Eleições 2002.
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