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 | 27/10/2002 21h04min

Rigotto é eleito o novo governador do Rio Grande do Sul

O candidato da coligação União Pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), Germano Rigotto, já é o novo governador do Rio Grande do Sul. Com 95,77% dos votos apurados, às 21h03min, Rigotto tem 52,66% dos votos válidos e já está matematicamente eleito. O candidato da Frente Popular (PT-PCdoB-PCB-PMN), o ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro, obteve até o momento 47,34% dos votos válidos e não tem mais chances de eleger. A diferença entre os dois é 5,32 pontos percentuais, ou 305.123 votos.

Incluindo-se os votos em brancos (1,68%) e nulos (3,08%), Rigotto tem 50,15% contra 45,09% de Tarso. Dos 7.041.238 votos apurados até o momento, 14,66% são abstenções, ou seja, pelo menos 1.032.292 pessoas não votaram neste segundo turno.

No primeiro turno, Rigotto fez 41,17%, ou 2.426.880 votos. Tarso havia conseguido 37,25%, ou 2.196.134 votos. A diferença entre os dois foi de 279.032 votos.

A vitória de Rigotto pode ser considerada um virada histórica, que começou a se definir na metade do primeiro turno. Começando um campanha desacreditado, inclusive dentro do próprio PMDB, e figurando nos pouco mais de 3% das inteções de votos nas primeiras pesquisas eleitorais, Rigotto encerrou o primeiro turno vitorioso  e com um índice de rejeição menor que o de Tarso.  Agora o candidato comemora também a vitória no segundo turno.


O peemdebista conseguiu inverter a situação do início da campanha  impondo-se como uma terceira opção à bipolarização que até então definia Tarso Genro (PT) e o ex-governador Antônio Britto (PPS) como favoritos para o segundo turno.  Enquanto as brigas e trocas de acusações entre Tarso e Britto enfraqueciam a campanha de ambos e fazia aumentar o índice de rejeição dos dois, Rigotto crescia nas intenções de votos rejeitando as estratégias de enfrentamento agressivo. Com o crescimento nas pesquisas – ele subiu, em média, 20 pontos percentuais neste últimos dois meses –, o PMDB começou a se dedicar para uma forte campanha na televisão e no rádio, além de aumentar os número de militantes nas ruas e dar maior importância para  o desempenho do candidato nos debates.

Outro fator decisivo para a vitória deste segundo turno foi a definição das alianças logo após o 6 de outubro. Rigotto entrou favorecido pela vitória e conseguiu rapidamente o apoio dos principais partidos derrotados.  O PPS do ex-governador Antônio Britto declarou apoio ao peemedebista, seguido pelo PPB do candidato também derrotado Celso Bernardi. Além disso ganhou o  PDT, antigo parceiro do PT gaúcho, como um forte aliado. Apesar do partido de Leonel Brizola ter optado pelo apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, no Estado os filiados foram liberados para escolherem seu candidatos. Devido ao ódio ao PT, originário das divergências políticas durante o atual governo de Olívio Dutra (PT), a grande maioria dos pedetista ficou do lado de Rigotto.

Os 21 dias de campanha para o segundo turno de Rigotto foram marcados pela intensa busca de apoios em partidos, sindicatos, entidades de classe e até mesmo em igrejas. Enquanto o PMDB desenhava sua vitória, o PT de Tarso Genro tentava reverter a situação. Umas das estratégias do partido foi ligar Tarso ao carisma de Lula, que em todas as visitas ao Estado sempre foi aclamado como herói.

Em sua campanha, o ex-prefeito de Porto Alegre teve que responder pelos erros do atual governo, além de arcar com as consequências de questões polêmicas como a destruição do relógio dos 500 anos, a saída da montadora Ford de Guaíba, as invasões de propriedades e a CPI da Segurança Pública.  Tarso foi  muito discreto na tentativa de defender o atual adminsitração e ressaltar o lado positivo do governo, o que acabou prejudicando sua campanha.
 
O PT tentou atingir Rigotto mostrando os votos polêmicos do candidato quando era deputado federal, como o da aposentadoria por tempo de serviço. Em todos os debates, Tarso sempre acusou Rigotto de ter votado contra os trabalhadores. Relacionar a imagem de Rigotto ao do presidenciável governista José Serra (PSDB) também foi outra estratégia, mas não surtiu pouco efeito, pois o peemdebista, apesar de declarar apoio a Serra e fazer campanha junto com ele, sempre manteve distanciamento do quadro político nacional.

Para aumentar ainda mais o desgaste petista, Tarso ainda enfrentou a perda de um dos cerébros de sua campanha: José Eduardo Utzig, falecido no dia 8 de outubro devido a um enfarte. Coordenador de campanha e amigo de Tarso, Utzig era um dos mentores do ex-prefeito para chegar ao Piratini.

Desgastado internamente pelas disputas internas, que ficaram evidentes ainda na definição do candidato ao governo, o PT sofre uma das maiores derrotas da história, perdendo a disputa num Estado considerado um dos principais focos petista do país.  Resta ao PT gaúcho comemorar a vitória de Lula como presidente e se reorganizar para as eleições municipais de 2004.

A alternância de poder é uma das marcas do Estado. Desde 1945, nenhum partido conseguiu se reeleger ao Piratini. A regra não foi diferente nesta eleição.  Esta foi a terceira vez que  o segundo turno foi marcado pelo embate entre PT e PMDB. A primeira disputa foi em 1994, quando Antônio Britto (então PMDB) venceu o ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra (PT), por 52,21% a 47,79%. Em 1998, foi a vez de Olívio vencer o então governador Britto, que concorria à reeleição. A disputa entre Britto (PMDB) e Olívio (PT) em 98 foi acirrada no segundo turno, com o PT de Olívio vencendo o PMDB de Britto por 50,78% % a 49,22%%, um diferença de 87.366 votos.

Neste ano, a disputa não foi tão apertada, o que deve levar o Partido dos Trabalhadores a uma reflexão de sua situação no Estado. Desde o início do segundo turno, pesquisas eleitorais indicavam vitória de Rigotto com uma larga vantagem. Até agora a diferença entre os dois é 5,32 pontos percentuais, a maior diferença percentual sofrida por um candidato petista no segundo turno da eleição estadual.

Neste dia 27 de outubro, o PMDB saiu duplamente vitorioso das eleições. Venceu o PT, principal rival, e recuperou sua força política, abalda devido a um racha interno que culminou com a saída de importantes nomes do partido no Estado, entre eles Antônio Britto. 

• Acompanhe todos os números da apuração no especial Eleições 2002.

Adriana Franciosi / ZH


Foto:  Adriana Franciosi  /  ZH


 
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