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O presidente do Instituto Ibope, Carlos Augusto Montenegro, concedeu entrevista para a TVCOM e Rádio Gaúcha sobre a disparidade entre os números divulgados nas pesquisas eleitorais para o governo do Rio Grande do Sul e o resultado das urnas e assumiu a responsabilidade pelo erro. A boca-de-urna realizada pelo Ibope apontou uma vantagem de 12% de Germano Rigotto (PMDB) sobre Tarso Genro (PT), mas a diferença entre os dois candidatos, após a apuração dos votos, foi inferior a 6%.
Esses números divergentes e a forma de divulgação da pesquisa foram criticados pelo candidato ao governo do Estado pelo PT, Tarso Genro, ao admitir a derrota no pleito:
– A oito dias da eleição, uma pesquisa desestimuladora para nossas bases deu 23 pontos de diferença e ontem, 16 pontos. Mesmo a boca de urna, com 12 pontos, saiu muito da margem de erro, porque a diferença não vai chegar a seis pontos. Um grupo de comunicação publicou pesquisas manipuladas contra nós para desestimular a base militante.
Confira abaixo os principais trechos:
Pergunta – Como o senhor analisa o resultado da eleição no Rio Grande do Sul?
Resposta – Essa foi uma eleição muito bonita, uma eleição em que nós tivemos três candidatos ocupando o primeiro lugar. Nós começamos com Antonio Britto, mais adiante o candidato Tarso Genro passou à frente e no último momento Germano Rigotto avançou. O nosso resultado no primeiro turno foi muito bom. No segundo turno, nós encontramos o candidato Germano Rigotto com uma larga vantagem. Acredito que nos últimos dias, nas últimas horas, com mobilização, a diferença tenha diminuido. A gente já tinha encontrado ontem (sábado) o percentual de Rigotto caindo de 58% para 56%. Na verdade, a gente nunca teve dúvida de que Germano Rigotto seria o novo governador do Rio Grande do Sul. Mas infelizmente erramos. Acho que escapou da margem de erro e tivemos um problema no final. No Rio Grande do Sul, acho
que a pesquisa fotografa, mas não tem uma
precisão absoluta. Se fosse assim não teríamos eleição. A pesquisa é apenas uma informação, uma orientação. A responsabilidade desse problema é exclusivamente nossa. A RBS não tem nada a ver com isso, tanto no acerto do primeiro turno como nesse problema que nós tivemos no segundo. Nós comemoramos quando acertamos e assumimos a culpa quando há um desvio em relação aos números divulgados.
Pergunta – Qual é a responsabilidade da RBS nesses resultados?
Resposta – Zero. A RBS recebe o resultado nosso às vezes 40 minutos ou uma hora antes de ser divulgado, a empresa não sabe de nada. Não sabe qual é a forma do Ibope trabalhar.
Pergunta – O PT também encomendou pesquisa ao Ibope?
Resposta – Todos os candidatos no RS são clientes no Ibope. Eu estive há três semanas com o candidato Tarso Genro e toda a cúpula do PT
analisando as pesquisas. Eles encomendaram uma pesquisa, e nessa pesquisa eles já sabiam que
o candidato Germano Rigotto estava crescendo de uma forma muito forte, muito firme, talvez até beneficiado pela briga dura que houve entre Tarso e Britto. O Ibope lamenta e pede desculpas aos gaúchos por não ter precisado o número da forma que nós precisamos em Santa Catarina, mas ainda estamos contentes de termos conseguido apontar o governador do RS. Acho que na democracia é muito importante a pessoa saber ganhar e saber perder. Acho que o país hoje está em festa pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acho que o PT aí também tem motivos para comemorar, em vez de ficar falando mal de alguma coisa que eles já sabiam que ia acontecer. Porque eles acreditam muito em pesquisas.
Pergunta – Já houve outras ocasiões em que as pesquisas de intenção ficavam distantes dos números divulgados nas pesquisas de boca-de-urna. O que chama atenção no caso gaúcho é que a boca-de-urna apresentou erro. A o que o senhor atribui o
erro?
Resposta – Eu já
reconheci que errei e, veja bem, a pesquisa é feita com 3 mil eleitores. O eleitorado aí é de 6 milhões, então isso pode acontecer. Eu não tenho a verdade absoluta, porque você não pode com 3 mil pessoas acertar tudo. Admitimos que no Rio Grande do Sul a diferença fugiu da margem de erro. É com os erros também que a gente aprende. Acho que Tarso Genro deve tentar aprender com os erros que o PT cometeu no RS. Prometo que nós também vamos fazer o dever de casa e vamos tentar verificar o que aconteceu no RS.
Pergunta – O senhor acha que houve problema de campo nas pesquisas?
Resposta – Não acredito que tenha havido problema de campo. Tem coisas que a gente não tem como prever. Ainda não sei qual foi a abstenção no RS. Às vezes a abstenção se dá em determinadas áreas que poderiam favorecer mais determinados candidatos.
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