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 | 31/10/2002 10h43min

Sharon tenta formar governo de extrema direita

O premiê de Israel, Ariel Sharon (foto), começou na quinta-feira, dia 31, a tentar formar um gabinete de extrema direita, depois de ficar sem maioria parlamentar por causa da debandada do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, que não concordou com o financiamento do governo aos assentamentos judaicos. A aliança com a direita teria menor margem de manobra no Parlamento e seria mais dura com relação aos palestinos.

– Sem chance – disse o ministro da Defesa, Binyamin Ben-Eliezer, quando perguntado por uma rádio se poderia voltar atrás e permanecer no governo.

Segundo a imprensa, o substituto de Ben-Eliezer no ministério será o general Shaul Mofaz, que defendia a expulsão do presidente palestino, Yasser Arafat, dos seus territórios.

– Fizemos de tudo para evitar o rompimento – disse Sharon, que é do partido direitista Likud, durante a tumultuada sessão parlamentar de quarta-feira à noite.

Ele deu a entender que quer permanecer no poder em vez de convocar eleições antecipadas. Segundo a Rádio Israel, Sharon já começou a negociar com o partido ultranacionalista Yisrael Beitenu, cujas sete cadeiras no Parlamento de 120 deputados poderia devolver a maioria a Sharon. Para o ministro palestino Saeb Erekat, a crise demonstra que o governo israelense está "se distanciando cada vez mais de uma atmosfera de paz''.

O confronto político começou porque Ben-Eliezer queria deslocar fundos reservados aos assentamentos judaicos para programas sociais. Seus críticos dizem que com isso ele tentava seduzir o eleitorado de esquerda de seu partido, que será importante na convenção nacional que acontece em novembro. Sem acordo com relação ao Orçamento, Ben-Eliezer renunciou na quarta-feira e foi seguido por outros cinco ministros, inclusive o moderado chanceler Shimon Peres.

Os 145 assentamentos judaicos construídos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza foram não só o pivô da crise israelense, mas representam também um dos maiores entraves no processo de paz com os palestinos. A comunidade internacional os considera ilegais, mas Sharon defende sua manutenção e expansão. O Orçamento acabou sendo aprovado na noite de quarta-feira graças aos votos de pequenos partidos de oposição.

Após 19 meses de governo, Sharon mantém sua popularidade em alta, o que torna a manobra trabalhista muito arriscada. Analistas dizem que Sharon quer adiar as eleições até se sentir preparado para enfrentar o ex-premiê Binyamin Netanyahu nas eleições internas do Likud. O prazo máximo para as eleições é outubro de 2003.

Gil Cohen Magen / Reuters


Foto:  Gil Cohen Magen  /  Reuters


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