| 31/05/2007 07h10min
Dois aviões quase colidiram no ar na região de Atibaia, a 59 km de São Paulo, no dia 22 de abril. As duas aeronaves estavam em procedimento de subida. Uma delas fazia o vôo 1696 da Gol, que seguia de Campinas para o Rio de Janeiro, a outra fazia o vôo 3274, da TAM, que decolou de Congonhas para Ribeirão Preto, no norte paulista
A quase-colisão foi divulgada por uma gravação obtida pela Rádio Jovem Pan. O choque só não ocorreu porque os dois pilotos estavam com o TCA (um sistema de alerta anti-colisão) ligado. A Aeronáutica, no entanto, nega que tenha havido risco para os passageiros. A instituição diz que uma das aeronaves teve de fazer uma manobra de emergência por causa de condições meteorológicas.
A gravação mostra as tentativas do comandante do vôo da Gol de se comunicar com a torre de controle do espaço aéreo. Na gravação obtida pela rádio, o comandante do Boeing da Gol chama o controle insistentemente. O piloto pedia instruções e comunicava ter feito uma manobra evasiva, sem obter resposta. Em seguida, o piloto interpela o controle de tráfego aéreo para saber os motivos que o obrigaram a realizar o deslocamento de emergência.
– Controle, é o Gol 696. Ok. Eu gostaria de tomar um rápido esclarecimento. A manobra evasiva do TCAS foi muito perigosa. Qual teria sido o tráfego? – perguntou o piloto.
De acordo com a Jovem Pan, o piloto não obteve resposta imediata do controle. O tráfego aéreo de São Paulo é o mais congestionado da América Latina. A rádio afirma ainda que não se sabe se houve falha do radar, erro do controle ou se alguma instrução não foi bem compreendida. Segundo a Aeronáutica, o caso está sendo investigado.
Na semana passada, a Força Aérea Brasileira (FAB) teve de confirmar à CPI do Apagão Aéreo um outro incidente. A FAB admitiu que dois aviões quase colidiram no dia 11 de maio. No entanto, ontem, a Aeronáutica negou que as duas aeronaves que aparecem na gravação quase tenham se chocado no ar. Segundo a instituição, o que houve foi um incidente de tráfego. Para a Aeronáutica, o avião da Gol não fez a manobra evasiva para desviar da outra aeronave, mas para evitar áreas de instabilidade meteorológica, ou uma nuvem pesada, como chamam os pilotos. Essas nuvens contêm gelo em seu interior e podem danificar o avião.
A Aeronáutica afirmou ainda que, durante a manobra, houve uma sobreposição de área de segurança das aeronaves. Em vôo, os aviões devem manter um raio de distância, na posição horizontal, de 10 quilômetros. No momento da manobra, essa distância caiu para 6,3 quilômetros. Na vertical, a margem de segurança, que é de 300 metros, caiu para 200 metros. Por estarem fora da área de segurança determinada pela aviação brasileira, os TCAs dos aviões deram o alarme. Mas a Aeronáutica afirma que não houve risco para os passageiros.
Nesta terça-feira, a Aeronáutica já havia por outro susto em São Paulo, quando os pousos e decolagens foram interrompidos por seis minutos por causa da interferência de rádios piratas na comunicação entre pilotos e torres. Nesta quarta-feira, o ministro Helio Costa afirmou que vai entrar na Justiça para tentar impedir o funcionamento desse tipo de rádio.
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