| 15/07/2007 18h45min
Responsável pela primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Pan-americanos do Rio, o paulista Diogo Silva foi às lágrimas durante a execução do hino nacional na entrega da premiação. Pensando em tudo o que enfrentou até chegar este momento, ele desabafou sua indignação contra a situação da modalidade no país.
– A Confederação não dá o que precisamos. Nosso presidente sempre nos olhava como segunda opção – afirmou, lembrando do descaso com que os atletas são tratados. Segundo ele, antes da realização dos Jogos, os atletas se reuniram com o responsável pelo setor financeiro da entidade oficial, Valdemir Barros, pedindo melhores condições. A solicitação foi formalizada em ata, mas simplesmente não deu resultado. – Nosso pedido foi ignorado – disse indignado com a estratégia elaborada pela Confederação para evitar problemas futuros. Espelho dos problemas que os praticantes da modalidade têm de enfrentar para sobreviver no esporte, Diogo tem como única renda os R$ 600,00 pagos pela entidade. A ajuda de custo exígüa, contudo, nem é 100% garantida. – Estavam sempre atrasando três meses, nos pagavam duas parcelas e atrasavam de novo. Agora, por causa do Pan, adiantaram o pagamento para ninguém poder falar. Apesar da mágoa que expressa quando o assunto é apoio, Diogo revela imensa gratidão pelos esforços pessoais de Marcelino Barros, responsável técnico pela equipe. –Ele dá dinheiro do próprio bolso para nos ajudar. Na derrota e na vitória nunca nos abandonou. Se estou aqui hoje, devo a ele – desabafa, agradecendo também aos companheiros de equipe. –Devo muito a meu grupo, que é fantástico. A trajetória de Diogo até o título pan-americano foi marcada por muita superação. No início do ano, sem contar com recursos da Confederação, ele e Márcio Wenceslau decidiram bancar do próprio bolso uma preparação mais decente. Márcio vendeu o carro e Diogo gastou o dinheiro de dois anos de economia para participar do Circuito Europeu. – Tirei do meu bolso R$ 5 mil para ir à Europa. Eu e o Márcio fizemos o possível e o impossível para conseguir o ouro. O dinheiro estava sendo reservado para presentear a mãe Tel com um carro. – Ela é manicure e trabalha na casa dos outros. Às vezes precisa tomar duas ou três conduções para chegar ao lugar – explica. –Pensei muito comigo e vi que esse investimento seria muito importante. GAZETA ESPORTIVAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.