| 16/08/2007 17h41min
O brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, recuou das acusações que havia feito contra a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu. Ele confirmou na CPI do Apagão Aéreo do Senado que a diretora teria defendido a transferência do controle de cargas de Guarulhos (SP), Congonhas (SP) e Viracopos (Campinas) para Ribeirão Preto (SP). Entretanto, negou que tivesse dito que ela seria "amiga" do empresário Carlos Ernesto Campos, dono da Terminais Aduaneiros do Brasil, em Ribeirão Preto (SP).
Pereira disse ainda que, como não é mais presidente da Infraero, não precisa mais falar sobre o tema. Ele admitiu também que não teve força política para desautorizar indicações de diretores da estatal feitas pela Secretaria de Assuntos Institucionais do Palácio do Planalto.
Em seu depoimento no Senado, a diretora da Anac negou que conheça o empresário Carlos Ernesto Campo. O empresário foi vencedor da licitação para operar os terminais de carga do aeroporto de Ribeirão Preto, no interior paulista. A diretora da Anac afirmou que a acusação do brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, é caluniosa.
Denise disse ainda que não tem motivos para deixar o cargo.
- Eu não tenho razões para renunciar e não entendo que tenha qualquer responsabilidade nessas ocorrências que denotam ser a crise aérea nacional, que implicaram em tragédias lastimáveis e que marcam a história deste país e a nossa - afirmou.
Denise Abreu não negou que o setor aéreo brasileiro esteja passando por uma crise, mas procurou amenizar o tamanho, afirmando que hoje não há nada tão grave quanto os problemas envolvendo controladores de vôo, que, segundo ela, quase teriam provocado o chamado apagão aéreo. Para a diretora, os problemas foram superados no dia 22 de junho, quando o Comando da Aeronáutica determinou várias medidas para contornar a crise.
Polêmica sobre transferências de cargas
O ex-presidente se manifestou contra a transferência de vôos de carga para o Aeroporto de Ribeirão Preto. Segundo Pereira, a Infraero perderia muito com tal transferência, pois é a instituição que administra os Aeroportos de Congonhas e Viracopos e a carga aérea é o setor que mais cresce, proporcionando cerca de R$ 250 milhões este ano.
Por sua vez, Denise afirmou que não há pretensão de beneficiar o empresário. Ela lembrou que não existe sequer terminal de cargas no aeroporto de Ribeirão Preto.
Depoimento transferido
Como o depoimento dela e do ex-presidente da Infraero, foram além do previsto, a CPI doa Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados decidiu adiar a audiência em que Denise deveria depor às 15 horas. Os deputados pretendem ouvi-la na próxima semana, possivelmente na quinta-feira.
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