| 01/12/2002 21h36min
Os argentinos se livram nesta segunda, dia 2 de dezembro, do corralito – a medida que há 12 meses congelou todos os depósitos em contas correntes e de poupança.
A partir de agora, os correntistas poderão sacar recursos de contas à vista, descontar cheques e transferir dinheiro sem restrições. Mas a previsão do governo e dos analistas de que esses recursos, estimados em 21 bilhões de pesos, permaneçam nos bancos.
A alegria dos argentinos não será completa. O presidente Eduardo Duhalde assinou no sábado decreto autorizando o aumento das tarifas de gás e energia elétrica. O aumento é inferior ao exigido pelas empresas concessionárias e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para avançar no acordo de ajuda financeira, mas é criticado pelas associações de consumidores, que irão à Justiça para tentar anular a medida. O FMI exige aumento de 30%. O Ministério da Economia informou que os reajustes não superam 10%.
Das 15,6 milhões de contas, mais de 85% tinham depósitos de até US$ 10 mil. Os limites mensais de saque eram de 1.200 pesos e foram elevados pelo governo para 2.000 no final de outubro, o que liberava cerca de 70% das contas. Restam as grandes contas que, são de empresas. Estas somam 21 bilhões de pesos (ou cerca US$ 6 bilhões) que poderão ser usadas a critério dos correntistas.
O corralito foi adotado em dezembro de 2001. De fevereiro daquele ano até novembro, os bancos do país haviam perdido US$ 18 bilhões em depósitos. Desconfiados de que o regime de conversibilidade não seria mantido, os correntistas corriam para sacar seu dinheiro. Para evitar uma quebra generalizada dos bancos, o governo impôs restrições aos saques. A crise, a maior da história do país, lançou metade da população na pobreza.
A restrição aos saques deteve nos bancos o dinheiro de cerca de 15,6 milhões de contas que, em novembro, somavam US$ 70 bilhões em depósitos. A medida enfureceu a classe média e foi o estopim dos protestos que derrubaram o presidente Fernando de la Rúa, em dezembro. Em janeiro, outro golpe para a classe média: os depósitos de prazo fixo, similares às aplicações em renda fixa brasileiras, foram retidos por meio de uma medida que passou a ser conhecida como corralón.
O governo espera que a liberação ajude a reativar a economia e a atenuar a grave crise econômica e social, que levou boa parte de sua população à miséria.
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