| 25/10/2007 06h48min
A CBF venceu a primeira queda-de-braço na tentativa de evitar a criação da CPI do Corinthians. Sob pressão do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, os parlamentares adiaram o pedido de investigações até o anúncio da Fifa que deve confirmar o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, na próxima terça-feira, na Suíça.
Embora aleguem já contar com as 198 assinaturas necessárias à criação da CPI, integrada por deputados e senadores, parlamentares aguardarão a confirmação do país como sede do Mundial para protocolar o pedido de instalação da comissão. A demora se deve à insistência de Teixeira em alegar que a CPI poderia colocar em risco a escolha do país como sede da Copa.
— Jamais havia visto tanta pressão, o que por si só já justifica a criação da CPI. E a desculpa é ridícula, já que o Brasil é candidato único — reclama o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), ex-relator da CPI do Futebol e um dos mais empenhados em começar as novas
investigações.
O foco inicial da comissão será
a milionária parceria do Corinthians com a empresa de marketing esportivo MSI. Acusada de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outros crimes financeiros, a MSI foi a responsável pela montagem do supertime do Corinthians que venceu o Brasileirão de 2005.
As investigações, no entanto, podem se estender aos principais clubes do país, provocando o temor de Teixeira. Para adiantar os trabalhos, Dias já solicitou ao Banco Central um relatório com todas as vendas de jogadores brasileiros para clubes do Exterior desde 2002. O objetivo é comparar os valores de cada negociação registrada no BC com as cifras divulgadas pela imprensa à época.
Investigações da Polícia Federal sustentam que o diretor da MSI, o iraniano Kia Joorabchian, é testa-de-ferro do magnata russo Boris Berezovski, suspeito de ligações com máfias do Leste Europeu e procurado pela Interpol. Gravações telefônicas obtidas pela PF mostram atletas negociando pagamentos através de contas no Exterior, cartolas do
Corinthians tentando
subornar um fiscal da Receita Federal e até a tentativa de fazer com que o presidente Lula, notório torcedor do clube, concedesse asilo a Berezovski.
— Há indícios claros de lavagem de dinheiro. Vamos começar pelo Corinthians, mas nada impede que investiguemos outros times — salienta o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP).
Ricardo Teixeira visitou o Congresso na semana passada
Ex-relator da CPI da Nike, que investigou o patrocínio à Seleção em 2001, Torres diz que o temor de Ricardo Teixeira é sinal de que a gestão do futebol brasileiro está repleta de irregularidades. Para ele, como a CBF não negocia jogadores, teoricamente não teria por que se preocupar com uma CPI. Na semana passada, Teixeira circulou pelo Congresso tentando persuadir parlamentares a não assinar o pedido de instalação da CPI. Oficialmente, o dirigente se valeu da visita para convidar deputados e senadores à partida entre Brasil e Equador, pela
Eliminatórias da Copa de 2010, realizada no
Maracanã. No Senado, os tucanos Tasso Jereissatti (CE) e Eduardo Azeredo (MG) retiraram os apoios à comissão.
— O problema do Corinthians é grave, mas deve ser investigado pelo Judiciário, como já o está sendo. Uma interferência nesse momento é arriscado, até porque a CBF não recebe dinheiro público — diz um interlocutor de Teixeira na Câmara.
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