Atualizado às 21h04min

A Assembléia Nacional da Venezuela sancionou uma reforma que fortalece ainda mais o poder do presidente Hugo Chávez e implanta o socialismo no país. O parlamento venezuelano é composto integralmente por partidários do presidente. Será convocado um referendo para o dia 2 de dezembro, para que a população venezuelana se manifeste sobre a reforma.

O projeto foi votado numa sessão extraordinária na qual também se definiu uma sugestão de texto para o referendo. Em seguida, ele foi entregue ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A presidente da Assembléia, Cilia Flores, confirmou que, como havia sugerido o presidente Chávez, o Legislativo proporá ao CNE que os venezuelanos referendem ou rejeitem o projeto em dois blocos — um com as mudanças de Chávez e outro com as remodelações dos deputados.

A proposta original, apresentada pelo presidente em agosto, inclui mudanças em 33 dos 350 artigos da Carta de 1999. Entre as mais polêmicas, estão o fim da autonomia do Banco Central, a extensão do mandato presidencial de seis para sete anos e as reeleições ilimitadas. Durante a tramitação na Assembléia, os deputados acrescentaram ao projeto mudanças em outros 39 artigos. Uma delas extingue o direito à informação caso seja declarado estado de exceção. Outra restringe a autonomia das universidades.

Nesta tarde, estudantes universitários realizaram pequenas passeatas em diversos pontos de Caracas para protestar contra a violência ocorrida durante uma grande manifestação ontem. Os estudantes tinham se concentrado na frente do CNE para protestar contra a reforma constitucional e pedir o adiamento do referendo e acabaram entrando em choque com a polícia. A passeata foi dispersa com bombas de gás lacrimogêneo e disparos com balas de borracha.