| 04/11/2007 10h19min
Depois de tudo que já aconteceu, das vaias sentidas de 15 mil torcedores no Beira-Rio e da multidão que via pela TV ou ouvia no rádio, ou soube depois pelo vizinho ou pelo jornal, o Inter talvez merecesse menos do que jogar contra o Vasco em São Januário. Mas o Brasileirão não dá tréguas e só com constrangimento está admitindo duas semanas sem jogos em nome das Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas importante seria nesse domingo um jogo mais conveniente (se é que existem jogos mais convenientes nesse tumulto geral), faria bem ao time de Abel embora ninguém se atreva a garantir alguma coisa. O empate com o Sport, quinta-feira, foi desolador para quem pensava que tudo era uma questão de um bom papo de vestiário. Faltam gols às melhores intenções.
O Vasco estava ótimo com Celso Roth, ficou péssimo com Celso Roth e, depois de uma breve aparição com Romário no banco como técnico e logo no time nostalgicamente, está agora com Valdir Espinosa, que sabe bem por onde passam as coisas em geral e,
sobretudo,
onde podem emperrar como problema e dificuldade. O Vasco ganhou, por exemplo, o último jogo antes desse no Serra Dourada, 3 a 2 sobre o Goiás. É uma credencial até porque se trata de vitória, instância que no Inter não tem tido e se queixa muito.
Não serve como consolo nem é garantia de coisa alguma, mas um novo jogo, longe do Beira-Rio, talvez ajude a diminuir as restrições. O torcedor nem tem como manifestar sua indisposição. Se é vantagem, não sei. O grito leva muito time à frente, mas também pode atucaná-lo. Tudo porque o time está torto, a resposta também sai torta, é inevitável.
Pausa
Escrevi ontem que a caça aos responsáveis pelas dificuldades do time de Abel terá de cogitar de muitos e talvez não tenha uma resposta consistente tão cedo. Muito menos nesse fim de tarde de domingo no Maracanã. Só as dificuldades são reais e tendem a se repetir se não houver uma súbita mudança de resultados práticos, gols
principalmente. Não se poderá dizer que não seja uma
mudança verdadeira, mas por certo vão continuar torcedores e simpatizantes desconfiados que tudo tenha valido apenas para esse domingo. O campeonato, aliás, vai parar 15 dias antes dos dois últimos jogos. Palmeiras no Beira-Rio e Goiás no Serra Dourada. Quinze dias é muito tempo, dá para se reacomodar os objetivos e parte do time, enquanto o torcedor descansa e pensa em outra coisa. Mas quem tem certeza?
Sol
Na sexta-feira era difícil de caminhar, proibido parar e olhar para o alto, só mesmo refúgios entre estandes, barracas ou passagens permitiam alguma calma. Era uma multidão com filhos, mãe, tia, vizinhos, carrinhos de crianças, balões coloridos, picolés, sacos de pipocas, sacolas de livros, chapéus, disfarces, grandes surpresas afetivas, gritos e gritinhos, abraços e beijos, finalmente um chope gelado. O sábado foi de sol como se esperava para este domingo com justa aspiração. Os cálculos estimativos de público cogitavam de mais de 100
mil pessoas circulando, parando,
comprando e seguindo em frente. O Antoninho Hohlfeldt, Patrono da Feira, me mostrou um triunfo: a obra completa de Güiraldes por R$ 90, que encontrou na Calle Corrientes - e seguiu apressado para um debate sobre a Crítica, assim com letra maiúscula. Na barraca da Santucci recomendei que comprassem o Jorge Amado completo, a R$ 15 o volume, liquidação da Record. E assim vamos todos.
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