| 06/11/2007 15h38min
As denúncias de supostas irregularidades contra o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran- RS) não surpreenderam o ex-secretário de Segurança Enio Bacci (PDT). Na opinião do deputado, a ação deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal é a "ponta de um iceberg". O atual diretor-presidente do órgão, Flavio Vaz Netto, foi um dos 13 presos na Operação Rodin.
—Tem muito mais contratos irregulares (...) Quando eu caí, tentava advinhar por quê. Agora vejo que esse grupo teria sido responsável por articular minha derrubada— afirma o ex-secretário.
Bacci foi demitido da secretaria de Segurança em abril de 2007. Na época, o deputado levantou suspeita sobre dois contratos da pasta: um sobre uma empresa que realizaria limpeza de delegacias e unidades da Polícia Civil em todo o Estado e outro referente a uma empresa particular contratada para fazer a vigilância do prédio da secretaria de Segurança.
Em entrevista a zerohora.com, o
ex-deputado disse que alertou a
governadora sobre possíveis irregularidades do Detran. A afirmação, porém, foi negada por Yeda Crusius em entrevista coletiva:
— Ele não pode tentar inverter a verdade. Eu continuo com a mesma linha de conduta que tive quando o chamei e disse que minha proposição era fazer segurança pública transparente, separada da Justiça.
Nesta manhã, cumprindo determinação judicial, a governadora afastou dois diretores do Detran e um da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), investigados em inquérito policial da PF.
— A governadora determinou, ainda, a abertura de sindicância interna bem como ações de ordem administrativa para dar continuidade às investigações da Polícia Federal. Do mesmo modo, a governadora ligou para o secretário de Infra-estrutura e Logística, Daniel Andrade, em viagem oficial à Holanda, que adotasse a mesma providência no caso da CEEE — diz a nota do Piratini.
Contraponto
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o chefe da Casa Civil do governo
do Estado, Luiz Fernando Záchia, rebateu a afirmação do deputado Bacci de que teria respaldado a nomeação de Hermínio Gomes Júnior para a Diretoria Administrativa e Financeira do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran- RS). Hermínio está entre os integrantes da administração estadual afastados pela governadora.
Em resposta, Záchia negou que sejam feitas indicações pessoais e disse que todas as nomeações para cargos do governo são partidárias, ou seja, referendadas pelos partidos políticos que fazem parte da base aliada.
— Se nós pegarmos as três funções de gestão no Detran, uma é indicação do PP, outra é de uma indicação do PMDB, e outra é uma indicação do PSDB. Todas de pessoas com tradição, de pessoas com reputação, (...) com experiência na área — disse o secretário.
Záchia lembrou ainda que Hermínio Gomes Júnior, indicado do PMDB, foi diretor do Detran na gestão passada, e que tem experiência técnica na área de
transportes.
— São indicações
assinadas pelos dirigentes partidários e Luiz Fernando Záchia não é dirigente regional do PMDB, mas sem dúvida alguma assinaria essa indicação porque é uma indicação partidária — concluiu.
Bacci disse também que desde 2002 o Detran mantém contratos "suspeitos", que não seriam de responsabilidade do órgão, mas que entravam na conta do órgão por esse ter receita própria, o que facilitaria os pagamentos. Na época, o cargo era ocupado por Carlos Ubiratan dos Santos, nome que teria sido indicado pelo deputado federal José Otávio Germano (PP).
Ubiratan foi uma das 13 pessoas presas pela PF. O deputado federal José Otávio Germano não foi localizado por zerohora.com até as 15h30min. Segundo informações de sua assessoria, o parlamentar está em uma reunião.
Estimativas da Polícia Federal apontam prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos desde 2002
Foto:
Arivaldo Chaves
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