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 | 09/11/2007 08h25min

Alto custo e refino são desafios da Petrobras no futuro

Resultado de testes feitos em poços entusiasmam técnicos da estatal

Como a megajazida de Tupi anunciada na quinta-feira pela Petrobras é apenas uma parte da extensa área de ocorrência da formação chamada de pré-sal, do Espírito Santo até o norte de Florianópolis (SC), a companhia espera que a descoberta no litoral fluminense abra uma nova província petrolífera no país.

Até agora, a estatal já perfurou 15 poços na área que compreende várias bacias, em profundidades totais (água mais subsolo) de 5 mil a 7 mil metros. Oito desses poços já foram testados e todos tiveram resultado positivo, o que não é comum em trabalhos exploratórios de petróleo. O mais recorrente é que metade dos locais explorados não revelem potencial de produção comercial.

Na área do pré-sal, quatro poços perfurados na Bacia de Santos, três na do Espírito Santo e um na de Campos tiveram sucesso. O resultado, mesmo com a grande distância entre os pontos, levou os técnicos da Petrobras a arriscar o prognóstico de que a estatal está diante de um reservatório gigante de petróleo, guardado em rochas a grande profundidade e represado por uma camada de sal.

Essa ocorrência, porém, coloca mais um desafio para a estatal: desenvolver a produção nos novos campos, com um custo que pode ser três vezes maior ao já oneroso trabalho em águas profundas. Por outro lado, o tipo de óleo encontrado em Tupi tem um trunfo importante. Foi considerado pela Petrobras como leve, mesmo não tendo a mesma especificação dos tipos mais valorizados do planeta. Essa classificação é estabelecida pelo American Petroleum Institute (API), por isso é chamada "grau API" — quando mais alto, menos denso é o produto, portanto mais fácil e barato para refinar.

Combustível tem melhor qualidade do que a média

Ainda assim, o combustível encontrado na camada de pré-sal tem melhor qualidade do que a média extraída no Brasil. A nova jazida está na faixa de 28º a 30º. Já foi encontrado petróleo entre 35º e 36º na Amazônia, mas a maior parte do extraído na costa nacional está em torno de 19º.

— É comparável aos melhores da Bacia de Campos — observa Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

Em cada campo são perfurados mais de 10 poços até a fase de produção. Há áreas na Bacia de Campos — a maior fonte de produção brasileira de petróleo — com mais de 20 poços produtores. Cada um dos pontos, no caso da ultraprofundidade do pré-sal, pode custar em torno de US$ 5 bilhões.

No entanto, mesmo produzindo quantidade de petróleo superior à demanda, o que garante a auto-suficiência física, o Brasil importou até setembro 116 milhões de barris de petróleo leve para a produção de óleo diesel e lubrificantes. Isso ocorre porque a maior parte do parque de refino não está adaptada ao processamento de petróleo pesado. Só neste ano, por exemplo, a Refinaria Alberto Pasqualini, de Canoas, ficou apta a receber 80% de óleo nacional.

Até as obras de reforma e ampliação, que custaram mais de US$ 1 bilhão, essa proporção era de 20%. A expectativa é de que, a partir da produção do petróleo leve do pré-sal, o país pare de importar e se transforme em exportador líquido de petróleo.

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