| 11/11/2007 19h44min
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou neste domingo estar impressionado com os esforços do governo brasileiro na produção de energia renovável e que o mundo ainda não entendeu os esforços do país na produção de bioenergia.
— O Brasil, efetivamente, é um gigante verde discreto que lidera a produção de energia renovável e é uma das poucas nações que fazem bioenergia em larga escala — disse após visitar a Usina Santa Adélia, em Jaboticabal, São Paulo, no seu primeiro compromisso oficial no Brasil.
A visita faz parte de uma maratona do secretário-geral da ONU para, segundo ele, aprender sobre os impactos das mudanças climáticas no mundo, até a conferência sobre o clima, prevista para ocorrer no início de dezembro, em Bali, Indonésia. Apesar de elogiar a produção de biocombustíveis no Brasil, segundo maior produtor de etanol mundial, Ki-moon cobrou do governo e do setor produtivo a responsabilidade de fazer um "balanço entre os
custos sociais e os
benefícios da produção dos biocombustíveis", numa referência às denúncias de trabalho forçado, principalmente dos cortadores de cana nas lavouras.
Ele disse que há uma preocupação em relação às questões ambientais, principalmente com o desmatamento e a queima da cana-de-açúcar, necessária para a colheita manual da cultura utilizada na produção de álcool. O secretário relatou ainda a apreensão com o avanço da cana sobre áreas de lavouras de grãos, bem como a utilização de milho para a produção de etanol, no caso dos Estados Unidos. O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, considerou que a visita de Ki-moon serviu para que o setor produtivo pudesse mostrar os esforços em relação às questões ambientais e alimentares.
— É preciso que haja um grande debate para discutir a questão da segurança alimentar e os biocombustíveis — afirmou.
Sobre a participação dos Estados Unidos, que não aderiram ao Protocolo de Kyoto, como
signatários de um possível protocolo
mundial climático de Bali, Ki-moon deu a entender que as conversas, na última Assembléia Geral da ONU, em setembro, podem ter influenciado na posição dos norte-americanos.
— O mundo reconheceu a importância de todos juntarem os esforços e todos vão aceitar, pois o aquecimento global não respeita fronteiras e nem países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Ao ser indagado pelos jornalistas sobre uma possível participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, Ki-moon adotou a diplomacia e disse que o tema deve ser debatido entre os integrantes do órgão. Ele afirmou, no entanto, que pode atuar como um mediador nas conversas. Ainda hoje, o secretário segue para Brasília, onde terá encontro amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A visita ao Brasil prevê ainda uma passagem em Belém e em São Paulo.
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