| 16/11/2007 03h19min
O currículo tricolor de Mano Menezes está espelhado em um título da Série B, dois Gauchões, um vice na Copa Libertadores em quase três temporadas completas. Disputou sete competições, ganhou três. Olhando de longe, de perto ou de soslaio, o retrospecto é bom, é muito positivo. Há luz.
O que turva o passado recente de Mano, o que incomoda, é o seu Grêmio de hoje. No futebol o que importa é o aqui e agora. O de ontem, anteontem, é o do argumento de mesa de bar, entre seqüências de chopes de colarinho amadurecido na pressão, onde mora o secular segredo germânico da bebida.
O Grêmio de Mano Menezes, no inverno do Piratini, no outono da nossa primavera, é um ser estranho, perdido, atolado na sétima posição entre os 20 do Brasileirão. É um fantasma do seu verdadeiro eu. Um time que jogou fora um posto no G4 e o final do ano no Morumbi do São Paulo e não levou nenhum cartão amarelo, um só, na partida inteira, num quase amistoso. Não era o típico azul em campo. Foi cópia
pirata de cinco magos da
tropa de elite do primeiro semestre. Um time entregue, aniquilado, sem saúde, força, corpo. Pior, dócil - embora no caminho do vestiário se transforme em leão.
Entre o "vai não vou", Mano Menezes teria duas mãos lotadas de certezas para fazer as malas, outra dúzia para ficar no Olímpico. O técnico tem nome. Está na moda, na boca da mídia, que despreza quando pode e observa no meio culpados por erros, seus, do grupo, dos dirigentes, da torcida.
Mano é novo na vitrina do andar de cima, com apenas duas verdes temporadas na elite. Três anos atrás fazia o lento circuito dos times do Gauchão, agora é vice da América. Mano tem tempo, pode crescer mais, ver e assimilar. Aprender a ganhar fora, sacar da pele a tatuagem de técnico caseiro. Fazer aparecer as jogadas que treina (com direito) em sessões camufladas, mas que o adversário não vê de tão secreto.
Enfim, aprender a contratar, dizer sim e não. Saber que com Marreta, Labarthe, Ramon, Hidalgo, Marcel,
Jonas & Cia., o tombo na tabela é
algo absolutamente natural. Quando o coletivo foi mal nas últimas rodadas, não havia uma só individualidade para segurar a barra, como Lucas e Hugo o fizeram em 2006, com a ajuda dos gols do ansioso e irregular Herrera.
Mano passou bons momentos no Olímpico, alguns dos melhores da década. Vamos ver como se comporta na hora das cobranças fortes, de Paulo Odone, especialista em descobrir treinadores, ao mais inquieto fã da Geral.
Por incrível que pareça, não será surpresa se Mano ficar, não será surpreendente se sair. Não ouço aplausos ou vaias.
Três ciclos europeus
1) Colegas espanhóis, fervorosos catalães, avisam. O ciclo espanhol de Ronaldinho navega em direção ao ponto final. O coração da torcida tem novo dono. É habitado pelo argentino Messi. O destino do milionário gaúcho será uma das ilhas britânicas, a Inglaterra, terra do Chelsea. O clube que respira o dinheiro de um bilionário de fortuna escusa vai
colocar R$ 156 milhões, nota sobre nota, na frente dos
olhos dos diretores do Barcelona. Junto, de contrapeso, chega o craque alemão Balack. Vendê-lo hoje é um ótimo negócio. O melhor.
2) Outro que sai e não volta é Adriano. O Inter o dispensou e seu rumo em 2008 será o interior da Inglaterra, em Manchester. Não no grande United, no pequeno e azul City. Antes, Adriano vai ficar internado numa clínica no Brasil. O atacante, um vez nominado Imperador pelos fãs da Inter, sofre de depressão e alcoolismo. Há quem acredite que Adriano seja um ex-goleador. Triste lembrança dos bons tempos e dos gols.
3) Campeã mundial em 2006 nos fabulosos estádios alemães, a veterana e decadente Itália deve despedir-se amanhã nas highlands escocesas da Eurocopa. A Itália é terceiro no Grupo B da Euro 2008, com 23 pontos, a dois da França e a um da Escócia. A seleção escocesa faz o milagre de unir católicos e protestantes, cada um no seu agitado canto no estádio de Glasgow, onde cerveja não entra, nem a preciosa Guinness.
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