| 13/12/2007 21h28min
O Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) apresentou hoje à Comissão de Turismo e Desporto um relatório que mostra a inadequação dos estádios brasileiros às normas internacionais. O documento foi elaborado após inspeção realizada em 29 estádios, em 17 capitais e na cidade de Santos (SP).
A comissão iniciou hoje uma série de audiências públicas para discutir as condições dos estádios de futebol do país, motivada pela tragédia do último dia 25 no estádio Fonte Nova – onde parte da arquibancada desabou, matando sete pessoas e ferindo pelo menos 30. Os deputados estão preocupados com as medidas que precisam ser tomadas para adequar os espaços para a Copa do Mundo de 2014, que terá o Brasil como sede.
O arquiteto Carlos de La Corte, que fez tese de doutorado sobre o assunto, afirmou que os quatro maiores estádios de futebol brasileiros (Pacaembu, Morumbi, Mineirão e Maracanã) estão fora dos padrões de conforto e segurança internacionais. O profissional avaliou que de 20% a 30% dos critérios adotados pelos estádios brasileiros foram elaborados a partir de normas e da literatura internacional sobre o assunto.
O arquiteto aponta que a origem do problema brasileiro é a ausência de normas arquitetônicas, além do abandono das estruturas. La Corte sugere a criação de um órgão fiscalizador nacional, a emissão de certificados de qualidade dos estádios, o treinamento de monitores de segurança, a responsabilização pela partida do clube que tem o mando de jogo e a retirada da polícia dos estádios.
O ex-coordenador da Comissão Paz no Esporte, do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, afirmou que um dos principais problemas dos estádios é a superlotação, além das dificuldades de acesso às escadas e saídas, o que pode gerar tragédias.
– Os maiores problemas aconteceram no mundo não por brigas de torcidas, que são lamentáveis, mas por movimentações em estádios lotados – disse.
Klein também classificou como "amadora" a organização das partidas de futebol no Brasil. Em sua opinião, os principais problemas estão nos recursos humanos que lidam com o futebol. Há, segundo ele, uma cultura de que o futebol pode ser desmantelado, embora o Brasil mostre capacidade para a realização de grandes eventos.
Klein destacou o rodeio da cidade de Barretos (SP), um dos três maiores do mundo, e que atende a todas as normas de segurança internacionais. Ele também lembrou que o show do The Police, que reuniu 75 mil pessoas no último dia 6, no Maracanã, teve organização compatível com eventos internacionais.
– Quem fosse lá no Maracanã ia achar que estava em outro mundo, mas no futebol não temos esse cuidado – disse.
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