| 22/12/2007 20h18min
Será uma experiência única. Não apenas pela ótica do cofre, que pode engordar dos R$ 538 mil, pela participação, ao R$ 1,8 milhão em caso de conquista da Dubai Cup. O fato é que, para além dos dólares, da busca de investidores para a remodelação do Beira-Rio e do charme de disputar um torneio com europeus de grife, o Inter vai fazer nos Emirados Árabes a pré-temporada mais singular de sua quase centenária história.
Acomeçar pelos jogos da Dubai Cup. O primeiro, no dia 5, contra o Stuttgart, campeão alemão. O segundo, dia 7, pela taça ou pelo terceiro lugar, diante dos holandeses do Ajax ou da Inter, de Milão. Depois disso será a pré-temporada em Abu Dhabi, um outro emirado, a 80 quilômetros de Dubai, com tudo pago e atividades ao entardecer, para fugir do calor. O Al Jazira, adversário do amistoso no dia 12, franqueará estádio e instalações para os gaúchos.
O Inter descobrirá em sua aventura árabe que os gandulas também escalam as arquibancadas para recolher
a bola. Não há separação entre
o campo e a torcida. Assim, a cada chutão dos zagueiros – e eles abusam desse recurso – , os gandulas saem em disparada.
O vice de administração do Inter, Décio Hartmann, passou uma semana em Dubai. Voltou impressionado - como os mais de 10 milhões turistas anuais do emirado. São os hotéis superluxuosos, as obras excêntricas (pista de esqui com neve trazida da Suíça, por exemplo), a água dessalinizada do Golfo Pérsico, as avenidas imensas que singram o que era deserto. Tudo convergindo para o título de mais aberto país do mundo árabe. Mas o viés ocidental é concessão ao turismo.
As mulheres ainda enfrentam problemas – embora a constituição as iguale em direitos aos homens.
– Assisti a um jogo entre Al Jazira e Al Nasr. A única mulher que vi no estádio era a do Cocu (meia holandês, do Al Nasr) – diz Hartmann.
A artista plástica gaúcha Susie Plunes está de malas prontas para os Emirados. É casada com
Cléber Xavier, auxiliar de Tite no Al Ayin. Susie
passou 15 dias naquela fatia do deserto assentada sobre o maior lençol petrolífero do mundo em setembro. Tempo suficiente para perceber o ambiente que tira mulheres dos estádios:
– Não dá para usar roupa aberta. Saia, nem pensar. Eles aceitam a estrangeira, mas olham com censura.
Há seis meses nos Emirados, Xavier se acostumou a importar feijão e erva-mate. Bebida alcoólica, só no câmbio negro. A lei é dura até com turistas. Quem for flagrado ingerindo na rua pode ser convidado a deixar o país. Mesmo que o turismo renda mais divisas do que o petróleo.
– Vida noturna não existe. Nos hotéis, pode-se até pagar e usar como se fosse clube. Mas só até a meia-noite.
A viagem abrirá mercados. Ásia e Europa verão o Inter, que estará em um país que cresce 15% ao ano.
– Viajamos com projeto de marketing - conclui o presidente Vitorio Piffero, que levará 2 mil livros com a história do Inter em
inglês.
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