A operação para receber os três seqüestrados que serão libertados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) começou nesta sexta-feira, com o envio à Colômbia de dois helicópteros que decolaram do aeroporto de Santo Domingo, no estado venezuelano de Táchira. 

O cineasta americano Oliver Stone foi uma das celebridades presentes durante a operação. Stone se declarou "orgulhoso" de participar da operação e disse que viajará com os demais emissários à Colômbia neste sábado. Há alguns meses, Chávez revelou que Stone fará um filme sobre a tentativa fracassada de golpe de Estado que o tirou do poder durante algumas horas em abril de 2002.

— Começou a operação com esses dois helicópteros (...) Podemos dizer que essa é uma primeira fase, uma fase de aproximação. A segunda fase é o resgate dos três seqüestrados — declarou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, após a decolagem das aeronaves.

Os helicópteros MI-17, pintados de branco e laranja, e com distintivos da Cruz Vermelha Internacional, partiram sem os emissários presidenciais de sete países requeridos por Caracas para garantir a "segurança e a transparência" da operação humanitária. Os reféns são a ex-candidata à vice-presidência colombiana Clara Rojas, seu filho Emmanuel, nascido em cativeiro, e a ex-congressista Consuelo González.

Chávez, com uniforme militar, se despediu das duas aeronaves, de fabricação russa, na Base Aérea Major Buenaventura Vivas Guerrero, situada perto da fronteira com a Colômbia, e de onde decolaram com destino à cidade de Villavicencio, cerca de 500 quilômetros distante e sede das operações em solo colombiano. Pouco depois, o presidente assinalou que os os helicópteros já sobrevoavam o território do país vizinho na ação batizada por Caracas como Operação Emmanuel.

Ele indicou que o grupo guerrilheiro ainda não precisou as coordenadas do lugar onde as aeronaves recolherão os seqüestrados, porque, segundo disse, há "dificuldades de comunicação". Ressaltou ainda que quando essas coordenadas forem conhecidas, os emissários de Brasil, Argentina, Bolívia, Cuba, Equador, França e Suíça serão transferidos a Villavicencio para participar da busca dos reféns. Junto aos delegados também viajarão o coordenador da operação humanitária, o ex-ministro venezuelano do Interior Ramón Rodríguez Chacín, e o alto comissário da Colômbia para a Paz, Luis Carlos Restrepo.

Delegados de governos de diversos países também assistiram ao ato de partida dos helicópteros, entre eles, o assessor especial da presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner. Também estiveram presentes a senadora colombiana Piedad Córdoba, que foi mediadora das negociações para o processo de troca e os embaixadores na Venezuela de França e Cuba, Hadelin de la Tour du Pi e Germán Sánchez, respectivamente.

A entrega dos três reféns foi anunciada há 10 dias pelas Farc como um "gesto de desagravo" a Chávez, depois que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, o afastou da mediação do acordo de troca de 45 seqüestrados por 500 guerrilheiros presos.