| 02/01/2008 21h35min
O processo de resgate dos três reféns seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e idealizado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, permanece estagnado, com todas as atenções voltadas para o mistério envolvendo o menino Emmanuel. Dois dias após Chávez dizer que a guerrilha não podia entregar os seqüestrados por causa de supostas operações militares, mas também que o processo continuava "em andamento", o governo da Venezuela mantém silêncio sobre a situação.
Nos últimos dois dias, nenhuma fonte oficial venezuelana fez comentários a respeito das negociações, que ficaram indefinidas, após o amplo desdobramento da semana passada. Os familiares dos três reféns, Clara Rojas, seu filho Emmanuel — nascido em cativeiro — e a ex-congressista Consuelo González de Perdomo estão em Caracas à espera da entrega e não fizeram declarações hoje nem saíram do hotel onde estão hospedados.
Na terça-feira o irmão de Clara Rojas, Ivan, anunciou que ele e a mãe
decidiram se submeter a
testes de DNA para esclarecer o paradeiro do filho da refém, que, segundo o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pode estar em Bogotá, com outro nome e sob os cuidados de uma organização governamental de assistência. Um grupo de especialistas em genética viajou na terça-feira da Colômbia para Caracas, com autorização do governo venezuelano, para realizar os testes. Nenhum deles fez declarações.
No entanto, o procurador-geral colombiano, Mario Iguarán, informou nesta quarta-feira que o grupo recolheu as provas de DNA entre os familiares de Clara Rojas que estão na capital venezuelana e afirmou que os resultados demorarão mais de dez dias para sair. Ivan Rojas disse ontem que os parentes estavam dispostos a permanecer em Caracas até que pudessem retornar a seu país com os reféns libertados, e se mostrou confiante de que a operação de resgate seria retomada em poucos dias. A imprensa local, no entanto, comentou hoje que os familiares podem voltar para Bogotá se não ocorrerem avanços nos
próximos dias.
Tanto o presidente Chávez como as famílias se negaram a falar de "fracasso" na chamada Operação Emmanuel, e consideraram que se trata apenas de uma "suspensão" do processo no início de sua terceira fase, a de recuperação dos seqüestrados na selva colombiana.
Mensagem da guerrilha
A operação, lançada na sexta-feira com grande repercussão midiática, contou com o envio de helicópteros venezuelanos à cidade colombiana de Villavicencio, base escolhida para iniciar a busca dos reféns, e está parada desde segunda-feira, após Chávez ler uma carta que diz ter recebido das Farc. Na mensagem, a guerrilha colombiana afirmou que não poderia entregar os reféns devido a intensas operações militares na região onde supostamente se encontravam.
Uribe classificou as alegações como "mentirosas", antes de revelar a "hipótese" de que o menino que a ex-candidata à vice-presidência colombiana teve em cativeiro há mais de
três anos não está com as Farc, e que por isso a guerrilha não
entrega os reféns. Chávez duvida da versão e criticou de forma dura o colega colombiano.
Hoje, a imprensa venezuelana praticamente deixou de noticiar o tema dos reféns, e os canais de televisão reprisam imagens dos últimos dias ou de redes estrangeiras, especialmente colombianas. O jornal El Nacional, por exemplo, afirma em seu editorial de hoje que "o show não deve continuar" e que "Chávez projetou um plano mestre para não só transferir os reféns, mas gravá-los, fotografá-los, fazer um filme com um diretor gringo mercenário, e ridicularizar o presidente Uribe, da Colômbia".
— Este último, como grande estrategista, movimentou melhor suas peças e revelou o fracasso do adversário venezuelano — acrescenta o jornal.
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