Na noite desta quinta-feira, os 16 candidatos democratas e republicanos se enfrentarão em uma das eleições primárias mais concorridas da história dos Estados Unidos.

Pela primeira vez, as prévias de Iowa, que muitas vezes define os indicados de cada partido, não tem um claro favorito nem entre os democratas, nem entre os republicanos.

A última pesquisa do jornal Des Moines Register registrou a liderança de Barack Obama, com 32% dos eleitores democratas em Iowa, seguido pela ex-primeira-dama Hillary Clinton, com 25%, e John Edwards, com 24%, virtualmente empatados.

Do lado republicano, o ex-governador de Arkansas, Mike Huckabee, ampliou sua vantagem, aparecendo com 32%, seguido do ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, com 26% e John Mc Cain com 13%. Já na pesquisa Zogby-Reuters divulgada hoje, Hillary está empatada com Obama, seguidos de perto por Edwards, e Romney registra a mesma porcentagem que Huckabee.

Segundo Jim Mc Cormick, diretor do departamento de Ciências Políticas da Universidade Iowa State, é a primeira vez na história em que não há um claro favorito em nenhum dos dois partidos.

— O campo está totalmente aberto e há grandes chances de um empate técnico, com os candidatos aparecendo com pequenas margens de vantagem — diz McCormick.

Os candidatos enfrentam temperaturas de -15C, esquadrinhando quilômetros de campos de milho e soja cobertos de neve, em busca de uma vantagem de última hora. O mórmon Mitt Romney e o pastor batista Mike Huckabee travam uma guerra santa para ganhar os 40% dos republicanos que são cristãos conservadores.

O estilo popularesco de Huckabee, com suas parábolas cristãs, conquistou os eleitores de Iowa. Mas não se sabe se o ex-governador do Arkansas terá fôlego financeiro para manter o impulso até a Super Terça. Ou se sua campanha irá sobreviver ao festival de gafes de política externa. Logo após a morte da ex-primeira ministra do Paquistão, Benazir Bhutto, Huckabee declarou que o país precisaria monitorar as fronteiras do EUA "para evitar a entrada maciça de refugiados paquistaneses."

Romney, que também recheia seus discursos com menções à Bíblia, partiu para uma ofensiva contra o histórico de Huckabee em perdões a criminosos e leniência em imigração.

Hillary aposta em votos de
eleitores acima de 50 anos

Para os democratas, mudança está no centro da disputa. Todos propõem as mesmas políticas, com poucas diferenças — retirada gradual do Iraque, ampliação da assistência a saúde, regulamentação e ajuda às vítimas da crise de hipotecas.

Mas a briga é sobre quem será o grande agente de mudança — Hillary ou Obama. Edwards capricha nos discursos populistas, mas se não ficar entre os dois primeiros em Iowa, terá muita dificuldade em continuar financiando sua campanha.

Mulher do ex-presidente Bill Clinton, Hillary tem a população de Iowa acima de 50 anos como seus principais eleitores. Mais de 300 pessoas, a grande maioria acima de 60 anos, aplaudiram a entrada de Hillary e a filha, Chelsea, após o show de sanfoneiros em comício o Centro Comunitário de Kirkwood. A campanha de Hillary bate na tecla da experiência, para diferenciá-la de Obama.

— Não estou pedindo para que façam uma aposta em mim, mas sim que olhem para o meu histórico — disse Hillary, sorridente apesar de um microfone quebrado, ao cutucar o rival Obama.

Já os eventos de Obama estão lotados de crianças, famílias jovens e adolescentes emocionadas com o sorriso do senador de Illinois. E ele aposta na quebra da dinastia Clinton. Obama desdenha da propalada experiência de Hillary, dizendo que "tomar chá" com primeiras-damas de outros países não qualifica exatamente como currículo em política externa.

Sua tática vem funcionando e ele subiu nas pesquisas. Mas resta ver conseguirá vencer a sedutora oferta de "dois pelo preço de um" oferecida por Clinton.

— Quando eu e Bill estávamos na Casa Branca, tínhamos o orçamento sob controle, lidamos com assistência à saúde — disse Hillary.