| 06/01/2008 12h10min
A pior batalha que Hillary Clinton enfrentará em New Hampshire não é apenas contra Barak Obama, seu grande rival, mas contra sua imagem vinculada a Bill Clinton, o que a impede de divulgar sua mensagem de inovação.
Após a derrota que sofreu nos caucus de Iowa, onde foi a terceira colocada, Hillary chegou a New Hampshire com o mesmo discurso combativo, mas um pouco mais otimista, positivo e mais à vontade. Consciente de que o voto independente foi o que deu a vitória a Obama, senador por Illinois, em New Hampshire a senadora por Nova York flexibilizou a linguagem e se voltou para um público mais jovem, principalmente universitários.
Teve que combater a popularidade crescente de Obama e, sem citar diretamente o principal adversário, insiste em que ela é quem possui mais experiência para a mudança.
— Eu posso exercer como presidente desde o primeiro dia — afirma nos comícios em New Hampshire, destacando sua experiência não apenas como senadora, mas
também os oito anos que passou na Casa
Branca com Bill Clinton.
— Mas isto é bom? — perguntava-se um simpatizante que assistiu a um grande ato democrata realizado ontem em um estádio — Duvido. O povo quer uma mudança. Basta de dinastias — acrescentou.
O Partido Democrata convocou três mil simpatizantes para arrecadar fundos e aproveitou para apresentar os candidatos democratas. Todos estavam presentes, com exceção do ex-senador John Edwards, que preferiu fazer campanha em outro município.
Sem dúvida, Barack Obama e Hillary Clinton foram as principais figuras da noite. O destaque de Obama ficou evidenciado no momento em que foi ovacionado como um astro do rock, a ponto de os organizadores do evento lançarem uma advertência de segurança.
Mais uma vez, Clinton se destacou por sua controvérsia. Em muitos momentos do discurso, foi aplaudida, mas em outros se ouviram vaias por parte dos partidários de Obama, que levantaram seus cartazes. Acompanhada pelo marido e pela filha
Chelsea, Hillary insistiu em que trabalha há 35
anos pela mudança, e que é a pessoa adequada para levar os Estados Unidos a "um novo começo".
— Quero restaurar o orgulho desta nação e a posição que ocupa no mundo. Quero devolver aos EUA a confiança e o otimismo — disse.
Apesar de o conteúdo do discurso ter sido similar aos de Iowa, a ex-primeira-dama mostrou-se mais à vontade. Riu no palanque, lançou olhares de cumplicidade a seus colaboradores e evitou o tempo todo mencionar seus rivais.
No entanto, a grande estrela da noite foi Barack Obama, que após a vitória em Iowa, encerrou o ato democrata com um discurso eloqüente, carregado de simbolismo, esperança e unidade.
— Somos o mesmo povo, somos a mesma gente. O momento da mudança chegou — disse.
A recepção dos eleitores de New Hampshire revela que o senador pode surpreender nas primárias de terça-feira, principalmente se, como fez em Iowa, mobilizar o voto jovem e independente. Calcula-se que em New
Hampshire - um estado liberal onde, por exemplo, as uniões
homossexuais são legais - 30% dos eleitores se declararão independentes e inclinados a votar em quem realmente oferecer uma possibilidade de mudança.
Tanto Barack Obama como Hillary Clinton defendem em suas mensagens que são os agentes da mudança e que serão capazes de reverter os males da era Bush. Eles prometem ainda que acabarão com a Guerra do Iraque, promoverão cobertura de assistência médica para todas as pessoas nos EUA e protegerão a classe média e os trabalhadores.
— Eu sou democrata e vejo que os dois são capazes de promover uma mudança na Casa Branca — afirma Lenora, uma dona de casa de Nashua, em New Hampshire, que se confessa ainda indecisa — Mas quando vejo Bill Clinton e Madeleine Albright (ex-secretária de Estado americana) com Hillary começo a duvidar se realmente ela oferece uma mudança ou um terceiro mandato Clinton — acrescentou.
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