As três últimas noites sem dormir; as 36 horas de duração da viagem entre a Ilha de Maui, no Havaí, e Florianópolis; e a diferença de fuso horário teriam provocado confusão mental em Jacqueline Silva? Ao desembarcar nesta quarta, dia 18, no Aeroporto Hercílio Luz, com o título de vice-campeã mundial, a surfista da Barra da Lagoa achava que não fez grande coisa ao vencer a última etapa do World Championship Tour (WCT), divisão de elite do surfe internacional, e encerrar a temporada como segunda melhor do planeta. Não estava sendo blasé, apenas fiel à sua característica humildade.

Jacque foi recebida com festa pela família Silva. Seu Irineu, o pai, estava vestido de Papai Noel. Josué, o tio, levou o violão para cantar Rancho de Amor à Ilha, música de Zininho que exalta a beleza geográfica de Florianópolis.

Roberto Perdigão, diretor-executivo da Associação dos Surfistas Profissionais (ASP) na América do Sul, e Alexandre Fontes, presidente da Federação Catarinense de Surfe (Fecasurf), também apareceram para cumprimentar Jacque Silva pelo melhor resultado do Brasil em 10 anos de existência do WCT.

Na competição masculina, a quinta posição de Fábio Gouveia no ranking final de 1994 foi o máximo que os nossos surfistas conseguiram alcançar. Do aeroporto, Jacque seguiu para o gabinete da prefeita Angela Amin, que a esperava para homenagear com a medalha do Brasão do Município de Florianópolis.

Depois de um mês e 10 dias no Havaí, Jacque estava era com saudade do feijão com arroz da dona Teresinha, sua mãe. Ela nem ficou para a festa de encerramento da temporada no Havaí, marcada para o próximo dia 21.

Ela já conhece essa festa, onde foi um dos destaques da temporada passada como campeã do World Qualifying Series (WQS), divisão de acesso ao WCT.

– Não via a hora de chegar em casa, estou há três noites sem dormir – disse Jacque, revelando que não tem uma boa noite de sono desde domingo, quando venceu a etapa de encerramento do WCT na Baía de Honolua, a sua primeira vitória na divisão de elite.