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 | 12/01/2008 04h45min

Ex-refém das Farc defende troca humanitária e solução negociada

Consuelo González de Perdomo disse que a ação de Hugo Chavez foi decisiva para a sua libertação

A ex-congressista colombiana libertada após seis anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Consuelo González de Perdomo, defendeu em Caracas uma troca humanitária e uma solução negociada para o conflito em seu país.

– Continuo achando que a solução deve ser política, pela negociação – disse a ex-refém, na sua primeira entrevista coletiva desde quinta-feira, quando ela e Clara Rojas foram entregues a uma comissão enviada pela Venezuela.

Falando aos jornalistas, Consuelo González, acompanhada de suas duas filhas, se declarou determinada a promover ações a favor da troca humanitária e a trabalhar para vincular o povo ao esforço de paz. Ela revelou que voltará à Colômbia no próximo domingo.

A ex-congressista disse que a ação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi decisiva para permitir que as duas recuperassem a liberdade. E falou sobre a primeira tentativa de resgate, no fim de 2007.

– No dia 30 de dezembro tínhamos certeza de que nos libertariam no dia seguinte. Indiscutivelmente houve operações militares na região onde seríamos soltas, o que permitiu a nossa chegada ao local – afirmou.

Sobre o pedido de Chávez para que os Governos deixem de considerar as Farc como um grupo terrorista, a ex-congressista disse que qualquer ação que permita avançar na busca da paz e da troca humanitária é válida. González observou que não ouviu diretamente o discurso do presidente venezuelano e por isso não tinha critérios para comentar a proposta.

– Mas se com isso pudermos atingir a paz, seria preciso analisar a idéia muito profundamente – ressaltou.

A política colombiana confirmou que na quinta-feira o chefe do grupo de guerrilheiros que a levou durante 18 dias pela selva até o local da libertação entregou fotos e cartas de oito reféns que tinham sido seus companheiros de cativeiro.

Depois de afirmar que teve seis anos de vida suspensa, a ex-congressista disse que "não há como medir a felicidade" do momento que vive. Ela agora quer "começar a aproveitar o tempo" ao lado de sua família, e reafirmou seu compromisso com a troca humanitária.

González ressaltou que quer convocar todas as instâncias em seu país e em todos os países democráticos a favor de uma ação coletiva. Ela garantiu que nunca pensou no suicídio durante o cativeiro. Mas entrou muitas vezes em estado de depressão profunda e sentiu uma imensa tristeza quando recebeu a notícia da morte de seu esposo.

Ela também disse que o simples fato de privar de liberdade uma pessoa é censurável, antes de acrescentar que não sofreu tortura física, mas viu seus companheiros de cativeiro acorrentados.

– Ver os companheiros dessa forma, amarrados a um pau na hora de dormir, nos afetava muito – completou.

EFE
 
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