| 15/01/2008 03h18min
Consuelo González de Perdomo, que retornou a Bogotá nesta segunda-feira, depois de ter sido liberada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), entregou emocionada as provas de vida, "muitas cartas e fotos", aos parentes de oito de seus companheiros de cativeiro que continuam na floresta.
A ex-congressista de 57 anos, seqüestrada em 10 de setembro de 2001, chegou de Caracas e foi para a casa de sua filha Patricia, que a acompanhou na Venezuela desde sua libertação. Ela se reuniu com cerca de 50 parentes de seqüestrados. A reunião foi privada, mas Consuelo teria abraçado cada um dos parentes dos oito seqüestrados. Ela mostrou uma foto em que aparecem "os quatro militares acorrentados" junto aos políticos.
O grupo é formado pelos ex-congressistas Gloria Polanco (seqüestrada há seis anos), Jorge Eduardo Gechem Turbay (cinco anos) e Orlando Beltrán (um ano), pelo ex-governador Alan Jara (seis anos), pelo coronel Luis Mendieta (sete anos), pelos capitães
Enrique Murillo (sete anos)
e Willian Donato (nove anos) e pelo sargento Arbey Delgado (nove anos).
Gechem Turbay, seqüestrado em 2002, mandou uma carta para a sua mulher, Lucy, e seus filhos. Ele conta que sofreu cinco pré-infartos e uma úlcera em cativeiro. E pede a vários políticos, como o ex-presidente Ernesto Samper, que o ajudem a ser libertado, caso contrário não vai a sobreviver. Os parentes que saíam da casa, alguns em prantos, comentaram brevemente as suas primeiras impressões. María Carmen, mãe do capitão Donato, disse que nas cartas ele fala da sua "grande força" e que "encoraja os seus companheiros". Mas, nas fotos, "parece estar mal, muito mal", disse a mãe, acrescentando que agradeceu a Deus pela mensagem.
A mulher de Beltrán, Deyanira, não quis abrir as cartas e as fotos de seu marido.
— Vou levar para casa. Meus filhos me pediram para ir o mais rápido possível, para vê-las em família, e não quero que me vejam chorar aqui — explicou.
Parente de refém lamenta
condições
desumanas
Claudia Rugeles, mulher do ex-governador Jara, recebeu duas cartas e cinco fotos. Nelas o seu marido aparece "com correntes nos tornozelos", disse. Além disso, ele enviou um pedaço de corda, "que disse que é a que usava para pendurar a roupa", para que seu filho fizesse uma pulseira. Nas fotos "ele está muito, muito magro", confessou Claudia Rugeles. Para ela, as fotos "permitem sentir que ele está mais perto".
— Vamos continuar trabalhando com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e com a senadora Piedad Córdoba, até conseguir a libertação de todos — afirmou.
A mulher do coronel Mendieta, Johana, lamentou as "condições desumanas" nas quais se encontram os seqüestrados, "acorrentados pelo pescoço", disse, pedindo a solidariedade de todos.
Consuelo voltou a prometer "trabalhar para conseguir a troca humanitária", que é a "mensagem deles para toda Colômbia". A ex-parlamentar afirmou que deve se reunir com
o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e o alto
comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, "para expor as condições extremas nas quais se encontram" os seqüestrados.
No dia 10, Consuelo e a ex-candidata a vice-presidente Clara Rojas foram entregues no sudeste da Colômbia, numa operação humanitária liderada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), intermediada por Chávez.
Mulher lê a carta enviada pelo marido, o ex-congressista Jorge Geschem, refém desde 2002
Foto:
Daniel Muñoz, EFE
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