André Roca/Capão da Canoa  |  andre.roca@rbsonline.com.br

Nas bibliotecas municipais de Torres e Capão da Canoa, as obras mais procuradas pelo público adulto têm um perfil muito semelhante. São geralmente livros de auto-ajuda e espiritismo os que mais têm saída. Principalmente quando o tempo estraga os passeios e as atividades ao ar livre dos veranistas.

– Os dias nublados ou com chuva são os que trazem mais gente para cá – afirma Eliane Gross, que trabalha na Biblioteca Pública da Câmara dos Vereadores de Capão desde a fundação, há 21 anos.

O público atrás de livros não é composto apenas de pessoas em férias. O técnico laboratorista da estação de tratamento da Corsan, Fábio Olguins, de 27 anos, saiu de Uruguaiana para trabalhar em Capão. Nesta quinta, com um tempo livre, ele aproveitou para levar o filho Guilherme, de quatro anos, até a biblioteca móvel do projeto Estação Verão do Sesc.

– Ele olha um desenho em um canal a cabo e eu achei interessante ele pegar um livro sobre o personagem para ver que não é só a TV que existe.

Com a curiosidade aguçada pela lista de mais vendidos de uma revista de circulação nacional, Olguins também foi atrás de algo para ler. Na mira, os best sellers O Monge e o Executivo e Pais Brilhantes, Professores Fascinantes.

– Esse tipo de livro ajuda para um auto-conhecimento, para a busca de alguma coisa que ainda não encontrei. Geralmente oferecem soluções práticas, como um psicólogo de bolso. E traz exemplos que, de repente, tu tiras algum proveito, algum conhecimento – disse.

Tempo para a leitura e reflexão, Olguins arruma como dá:

– Quando o pequeno dorme, pois o pai sempre dorme mais tarde. Quando ele está na pracinha com a mãe. Num dia chuvoso como hoje. Sempre se acha um tempo, ainda mais quando é um hobby – conclui.

No agito das praias gaúchas, o silêncio das bibliotecas viram refúgios para quem quer escapar momentaneamente da correria. A Biblioteca Municipal Clóvis Webber Rodrigues, em Torres, tem cerca de 6 mil sócios. Por dia, são cerca de 100 livros retirados. A assistente Maria José Zuanazzi aponta a obra da espírita Zibia Gasparetto como uma as mais procuradas. Entre os mais jovens, porém, são autores estrangeiros que fazem sucesso.

– Dan Brown, Agatha Christie e Sidney Sheldon saem bastante, além de livros sobre a história da cidade. Temos um acervo enorme com coisas de épocas remotas, desde o desbravamento do Litoral – destacou.

Com as bibliotecas das escolas fechadas por causa das férias escolares, os pais buscam alternativas para não deixarem os filhos longe dos livros por um período muito longo. Em Capão, a secretária Marissol Oliveira levou a filha Helena Oliveira, de cinco anos, na biblioteca volante do Sesc. Aluna do jardim no Instituto de Educação, em Porto Alegre, a menina ainda não aprendeu a ler. Mas já é estimulada.

– Ela me pediu por dois dias. É cultura para ela, né – disse a mãe, enquanto a filha folheava os livros infantis, encantada com as figuras coloridas.

Acompanhado da avó, Pietro de Oliveira Costa, surpreendeu. Aos 9 anos, aluno da 4ª série, escolheu um livro sobre o Egito Antigo.

– Eu gosto muito da mitologia grega e da egípcia. Eu amo. É minha paixão.

Para se retirar livros no Litoral, geralmente é necessário apresentar um documento de identidade e, no caso das bibliotecas públicas, algum comprovante de residência.

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