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 | 18/01/2008 23h49min

Consuelo González chega em sua cidade depois de mais de seis anos como refém das Farc

Ex-congressista foi recebida com muita festa e carreata em Pitalito, na Colômbia

A ex-congressista colombiana Consuelo González, que ficou mais de seis anos seqüestrada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), voltou nesta sexta-feira a Pitalito, sua cidade natal, onde foi recebida por cidadãos emocionados. Em suas primeiras declarações ao voltar à cidade, a ex-congressista, libertada pela guerrilha em 10 de janeiro, se mostrou "imensamente feliz e surpresa" com a acolhida dos habitantes locais.

Freqüentemente com lágrimas nos olhos ao distribuir abraços entre os cidadãos, a ex-congressista não conseguia esconder sua emoção. Ela disse estar "emocionada com a extraordinária solidariedade" demonstrada por Pitalito, localidade do departamento de Huila (sul), onde hoje a maioria de seus cerca de 100 mil habitantes saiu às ruas para recebê-la.

— Isso demonstra a grande qualidade humana e o afeto do povo desta terra — afirmou a ex-congressista, acrescentando que também "comprova seu compromisso intenso com o acordo humanitário".

Com esse acordo se pretende conseguir a libertação de 44 reféns das Farc, entre os quais estão militares, policiais e políticos, além de três americanos, todos eles considerados "passíveis de troca" por 500 guerrilheiros presos. No entanto, a guerrilha insiste em que para negociar esse acordo o governo deve desmilitarizar os municípios de Pradera e Florida, do departamento de Valle del Cauca (sudoeste), ao que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, se opõe. Segundo o governo, o grupo teria mais de 700 seqüestrados com "fins extorsivos".

Consuelo chegou ao aeroporto Contador de Pitalito às 15h30min (18h30min de Brasília), em um pequeno avião da Polícia Nacional, procedente de Bogotá, acompanhada de suas filhas, Patricia e María Fernanda, de sua neta, María Juliana, e de seus genros. Logo após descer do pequeno avião que a trouxe de Bogotá, ela deu um abraço emocionado na mãe, Inés de González, 91 anos, que não parava de repetir "é um milagre". A recepção, na qual esteve o prefeito, Carlos Arturo Giraldo, surpreendeu Consuelo, que ressaltou "o amor e a saudade" que sentia de seu povo, que não parava de gritar "livre, livre".

O percurso entre o aeroporto e a cidade, que dura 10 minutos, foi feito em duas horas, em uma grande caravana. A bordo do caminhão de bombeiros voluntários, Consuelo fez o lento trajeto até o centro da cidade para ser recebida oficialmente com uma missa oficiada pelo bispo da diocese de Garzón. Carros, motos e pedestres abarrotavam a estrada com cartazes nos quais se podia ler "Bem-vinda a seu povoado, Consuelo" e "Acordo humanitário, compromisso de todos".

Seqüestro

Consuelo foi seqüestrada pela guerrilha em 10 de setembro de 2001, na estrada que liga Neiva, capital de Huila, a Pitalito. Na época, era representante de Huila na Câmara e tinha 50 anos. Durante o seqüestro, seu marido, Jairo Perdomo, morreu de um infarto, e ela teve uma neta, María Juliana, de dois anos e da qual não se separou desde que chegou a Caracas no mesmo dia em que foi solta pela guerrilha nas florestas de Guaviare, no centro-leste da Colômbia.

Para Consuelo, terminou a tortura do seqüestro, assim como para Clara Rojas, seqüestrada em 23 de fevereiro de 2002 com a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, que tem nacionalidade francesa, continua em poder das Farc e pertence ao grupo dos 44 passíveis de troca.

EFE
 
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