| 20/01/2008 22h52min
Cuba realizou neste domingo eleições gerais para renovar a Assembléia Nacional (Parlamento) e marcou para o dia 24 de fevereiro a data em que decidirá o papel institucional que o líder Fidel Castro, de 81 anos, terá.
O presidente em exercício da ilha, Raúl Castro, informou que a Assembléia Nacional será constituída nessa data, num ato em que se designará o presidente do Conselho de Estado, órgão do Governo do qual o chefe da revolução é presidente.
– No dia 24 de fevereiro. Outra data, 5 de março, tinha sido pensada antes, mas já estava ocupada, e 24 de fevereiro, data da proclamação da Constituição e do início da guerra da independência, é um bom dia – disse Raúl Castro aos jornalistas.
Ele fez o comentário após votar no começo da manhã em seu colégio eleitoral, num dia em que mais de 8,4 milhões de cubanos foram convocados para confirmar os delegados às Assembléias Provinciais e os 614 candidatos ao mesmo número de cadeiras no
Parlamento.Os colégios fecharam suas portas às 18h
(21h de Brasília). Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, às 14h30 (17h30 de Brasília) a participação popular era de 89%.
O anúncio marca a data para o fim da incógnita sobre Fidel Castro, que se recupera desde julho de 2006 de uma grave doença intestinal que o obrigou a delegar provisoriamente a Presidência a seu irmão, se ele continuará à frente do Governo ou se assumirá um papel diferente.
No mesmo dia será determinado se seu irmão Raúl, de 76 anos, continuará governando provisoriamente e exercendo o cargo de primeiro vice-presidente do país, ou se finalmente dará lugar a um substituto.
Fidel Castro votou hoje no local em que se recupera e enviou uma mensagem elogiando a possibilidade de os doentes poderem votar em casa, ao mesmo tempo em que pediu à população que mostre ao mundo a "consciência" e a "cultura" dos cubanos.
O líder, que não aparece em público desde 26 de julho de 2006, se reuniu esta semana
com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um
encontro que teve imagens transmitidas pela televisão cubana pela primeira vez desde meados de outubro. Lula garantiu que Fidel está com uma "lucidez incrível", uma "saúde impecável" e pronto para assumir seu papel político em Cuba, mas no dia 16 de janeiro o chefe da revolução reconheceu que não tem capacidade física para participar de atos públicos e se limita a fazer o que pode: escrever.
Altos funcionários do Governo, como o vice-presidente, Carlos Lage, e o presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón, reiteraram hoje sua disposição em reeleger Fidel Castro para que continue por mais cinco anos em seu cargo à frente do Estado. "Eu posso antecipar que vou votar nele", disse Lage após participar das eleições, às quais não concorrem partidos políticos, todos ilegais na ilha, com exceção do Comunista, ao qual pertence a maioria dos candidatos.
As eleições de hoje transcorreram sob a influência dos ventos e chuvas associadas a uma frente fria na parte oeste da ilha, que,
nas palavras de Fidel
Castro, pretendiam "conspirar" contra a jornada eleitoral. Mario, de 45 anos, disse à Agência Efe que foi votar cedo "porque senão vão te buscar em casa".
– Entre a opção de me buscarem em casa e vir, prefiro vir – comentou, ao especificar que não aderiu à campanha oficial de votar "unido", ou seja, em todos os candidatos "porque nem todos são iguais.
Por sua vez, Román, de 48 anos e diretor de uma empresa do Estado, deu o "voto unido" “pela unidade do povo cubano e do Governo e pelos 49 anos da revolução”.
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