| 21/01/2008 21h40min
Quatro décadas depois da morte do líder afro-americano Martin Luther King Jr., os cidadãos do país consideram que estão preparados para ter um presidente negro, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira, feriado pelo seu assassinato. A enquete, elaborada pela rede de televisão CNN e pelo instituto Opinion Research, afirma que 72% dos americanos brancos e 61% dos negros acreditam que os Estados Unidos estão prontos para ter um descendente africano na presidência.
Tais porcentagens são muito superiores às registradas há dois anos, quando 65% dos cidadãos brancos e 54% dos negros pensavam o mesmo. A enquete revela também que são maioria os que acham que é possível que um candidato afro-americano se torne presidente dos EUA, numa comparação com aqueles que consideram que o país está preparado para ter uma mulher na Casa Branca. Entre os entrevistados, 64% dos homens e 65% das mulheres opinam que atualmente é mais provável que uma presidente venha a comandar o país que um
afro-americano.
Os seis temas que mais interessam os eleitores, tanto brancos como negros, são, por ordem de preferência: economia, conflito no Iraque, terrorismo, sistema de saúde, preços do petróleo e Irã. A pesquisa revela que a comunidade afro-americana concede mais importância a esses assuntos que os brancos. A preocupação com temas raciais também sobressai na comunidade negra. Dessa forma, 41% dos cidadãos negros dizem que esse assunto terá uma grande influência na hora de escolher o candidato, enquanto entre os brancos somente 12% afirmam o mesmo.
Quase quatro de cada 10 entrevistados de ambos os grupos dizem acreditar que os EUA cumpriram totalmente ou pelo menos quase que integralmente, o "sonho" de Martin Luther King, que era o de que um dia o país viveria sua crença de que todos os homens foram criados para serem iguais. Apesar do otimismo expressado, 52% dos afro-americanos opinam que as diferenças raciais sempre serão um problema nos EUA, ponto de vista que é compartilhado por 43% dos
brancos. O estudo
foi elaborado com base nas respostas de 1.393 americanos maiores de idade, entre eles 743 cidadãos brancos e 513 afro-americanos.
Bush pede voluntariado e amor ao próximo
O presidente americano, George W. Bush, aproveitou o feriado de Luther King, famoso por liderar protestos pacíficos contra a segregação e discriminação nas décadas de 1950 e 1960, e pediu que, em sua memória, os americanos ajudem os mais necessitados:
— Ao amar o próximo como a si mesmo, dando aos que sofrem e vivendo uma vida de gratidão e compaixão, podemos transformar os Estados Unidos num lugar melhor e realizar o sonho de Martin Luther King.
O líder negro, assassinado em abril de 1968 em Memphis, no Tennessee, referia-se ao sonho de que um dia seu país vivesse sob a certeza de que todos os homens foram criados para serem iguais. Ele disse a famosa frase, "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"), em frente ao monumento em
homenagem ao ex-presidente americano Abraham Lincoln (1861-1865), em
Washington.
Em ato numa biblioteca da capital americana que leva o nome do líder negro, Bush, acompanhado da esposa, Laura, disse que o dia de hoje oferece aos americanos a possibilidade de "renovar o desejo mais profundo de que os EUA sejam uma terra prometida para todo mundo, assim como um país de justiça e de oportunidades". Ele incentivou os cidadãos a realizar trabalhos voluntários e disse que Luther King é uma "figura de destaque dos EUA", motivo pelo qual hoje "seu serviço, sua coragem e sua visão" são homenageados.
O discurso foi feito depois do presidente ter participado de uma aula com um grupo de crianças para mostrar como Luther King lutou pela igualdade social. Interagindo com os alunos, Bush perguntou como eles poderiam fazer um mundo melhor. Nenhum respondeu. Diante do silêncio, o presidente disse que para se conseguir um mundo melhor é necessário "amar o próximo", enquanto sua esposa expressou a necessidade de se praticar o voluntariado.
Campanha conjunta para
os democratas
Entre os diferentes atos comemorativos realizados hoje em todo o país, com o principal na igreja Batista de Ebenezer, em Atlanta, na Geórgia, onde o líder pacifista pregou de 1960 a 1968, destaca-se o realizado por três dos candidatos democratas à presidência dos EUA. Hillary Clinton, Barack Obama e John Edwards endereçaram palavras de admiração a Luther King num ato celebrado na Carolina do Sul, onde dentro de cinco dias serão realizadas primárias democratas.
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