| 22/01/2008 09h03min
A preocupação sobre uma possível recessão nos Estados Unidos derrubou as bolsas de valores em todo o mundo na segunda-feira, dia 21. A seqüência de quedas começou na Ásia e varreu a Europa, onde os pregões registraram as maiores perdas desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencou 6,60% - o pior desempenho desde fevereiro do ano passado.
Tire suas dúvidas sobre a crise:
O que ocorre nos mercados?
Os investidores de todo o mundo estão preocupados com a possibilidade de os EUA passarem por uma recessão. Se a maior economia do mundo não cresce, compra menos produtos do Exterior, o que afeta a economia do resto do mundo.
A turbulência vai acabar?
As ondas de instabilidade devem continuar até que os investidores tenham reorganizado suas aplicações financeiras. Se aumenta a volatilidade (variação excessiva) em
mercados centrais, o crédito fica mais caro, e os investidores cortam
investimentos de maior risco. Por exemplo: saem de aplicações em moedas, juros e ações de emergentes (como o Brasil).
O que aconteceu nos EUA?
Temor de inadimplência nos empréstimos habitacionais a clientes de maior risco gerou crise de crédito nos EUA ao longo de 2007, o que provocou falta de liquidez no mercado financeiro. A crise começou a afetar a confiança do consumidor e os investidores passaram a temer uma desaceleração mais profunda.
O Brasil pode ser afetado?
Com os EUA em crise, o país deve reduzir suas compras do Exterior, derrubando o preço de produtos comercializáveis (commodities, como minério de ferro e petróleo), que têm grande peso na balança comercial do Brasil. Menos exportações reduzem a entrada de dólares no país, o que tende a elevar a cotação da moeda norte-americana e encarecer importados.
O mundo caminha para uma
recessão?
O mundo não deve entrar em recessão (declínio na taxa de expansão), mas
deve haver uma desaceleração no ritmo de crescimento.
Os juros vão subir no Brasil?
Depende. Se o dólar subir muito, o Banco Central pode elevar os juros para evitar saída maior da moeda do Brasil. Com menos dólares no país, a cotação sobe e pode haver pressão sobre a inflação. A maioria dos analistas de mercado já descarta uma queda nos juros básicos neste ano, alguns já falam em elevação.
O Brasil está mais protegido?
Sim. Diferentemente de outras crises, o país está com as contas externas relativamente confortáveis, e as reservas internacionais, em US$ 180 bilhões, estão perto de se igualar ao valor da dívida externa, o que funciona como um colchão contra eventuais saídas de recursos. Além disso, o país cresce num dos ritmos mais fortes dos últimos anos, e o mercado interno ganho peso maior na economia, reduzindo a dependência externa. De todo modo, uma desaceleração na economia global
deve causar impacto no Brasil.
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