| 01/02/2008 08h18min
Não é à toa que quando ele entra em campo, parte da torcida grita:
- Ediiinho guerreeeiro, Ediiinho guerreeeiro!
A denominação é uma homenagem à dedicação do volante dentro de campo. Mas também resume as agruras pelas quais o jogador superou até se tornar titular indiscutível do Inter que enfrenta hoje, às 19h30min, o Juventude, no Beira-Rio.
A história de Edinho assemelha-se à de Cafu, ex-capitão da Seleção Brasileira. Carioca de Niterói, o camisa 5 do Inter saiu de casa aos 13 anos para defender a categoria infantil do então Barreira, hoje Boavista, que disputa o Estadual do Rio. Com o sonho de virar profissional, como qualquer menino, arriscava-se em testes nas equipes grandes. Tentou a sorte no Flamengo. Rodou. No Corinthians, idem. Igualmente no Cruzeiro. Reprovado, sempre retornava ao Barreira. Chegou a ser chamado pela Portuguesa, mas empresários "meio enrolados" que administravam a carreira dele melaram o negócio. Foi a primeira das quase três vezes em que o jogador quis largar o futebol.
– Retornei desolado para casa, voltei a estudar e meu pai dizia: "você já lutou tanto, não pode desistir agora" – lembrou.
Seguindo o conselho de seu Edilson, Edinho foi para o Exterior. Na Itália, passou por Veneza, Treviso e outros clubes menores sem sucesso. Rodou pela França devido às promessas de outro empresário e, ao invés de fama e sucesso, acabou abandonado em um apartamentinho da periferia de Paris. Passou fome - roubava frutas no Carrefour para comer - até procurar ajuda de um certo brasileiro recém chegado ao Olympique, de Marselha. Fernandão socorreu o então jovem de 18 anos e Edinho voltou ao Brasil, decidido a dar o adeus definitivo à bola.
Mesmo com uns quilinhos a mais, Edinho foi convidado para participar de um torneio pela seleção de Rio Bonito, cidade a 66km de distância de Niterói. Teve um desempenho razoável e o Inter, que participava da competição, trouxe o volante para um período de adaptação em Porto Alegre.
Ciente de que aquela talvez fosse a última oportunidade da carreira, não poupou esforços. Nas corridas de mil metros das provas físicas, sempre fazia o tempo 10 segundos abaixo do necessário para demonstrar empenho. Um ano depois, assinou seu primeiro contrato profissional.
Nos primeiros anos, ouviu muitas vaias da torcida e críticas pelo seu desempenho. Nunca destratou ninguém nem deixou de ser o alto astral do grupo. Depois de tanto sofrimento, baixava a cabeça e trabalhava com prazer. Ontem mesmo, depois do rachão: passou cerca de 15 minutos treinando passes com o auxiliar técnico Robertinho.
Se hoje ainda não é unanimidade, atuações seguras como a da partida contra o São José, no último domingo, o primeiro jogo dele no ano, o tornam titular absoluto e um dos homens de confiança de Abel Braga. Estava longe da condição física ideal, mas suportou o jogo até o fim. É por isso que torcida e Fernandão, o anjo da guarda na França, não titubeiam quando definem o jogador e, sobretudo, a pessoa Edinho:
– É um guerreiro.
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