| 06/02/2008 17h41min
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou nesta quarta-feira que já tem as 27 assinaturas necessárias para criar a CPI para apurar o uso de cartões corporativos do governo nos últimos 10 anos.
— Conversei com o presidente Lula no início da tarde e ele concordou com a CPI para mostrar à nação que o governo não tem nada a esconder e nem vai segurar nada — afirmou.
Jucá pretende protocolar o requerimento amanhã na Mesa do Senado, mas, para isso, aguarda ainda o apoio dos líderes do PSDB e do DEM.
— A iniciativa mostra que o governo quer transparência nos gastos. Se puder melhorar os gastos públicos com novas sugestões para isso, aceitaremos — ressaltou.
Além das despesas com os chamados cartões corporativos a partir de 2002, o senador propõe que sejam investigadas todas as despesas do governo com o chamado suprimento de fundos, que eram destinados a gestores públicos para pagamentos de despesas efetuadas com
cartões de crédito e pagamento de cheques. Embora
os governos sempre trabalhem para evitar a instalação de CPIs, com o argumento de que é prejudicial ao Executivo, Jucá garantiu ter a autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar sua proposta aos colegas.
— Pior que a CPI é uma nuvem de suspeita sobre o governo como se o governo estivesse querendo esconder alguma coisa, inclusive despesa do presidente e de seus familiares — disse o líder.
Assustado
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) revelou que está assustado com a iniciativa de Jucá. Sampaio é autor do pedido de instalação de uma CPI, com o mesmo objetivo, que até o momento só havia recebido apoio da oposição.
— O que motivou Jucá a pedir a CPI não pode ser uma causa lógica. É para enterrar a CPI — criticou Sampaio, que está mobilizando parlamentares para criar uma CPI mista, de senadores e deputados.
Comissão "limpa"
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) comentou hoje que a iniciativa do governo de
patrocinar uma CPI para investigar o caso apenas no Senado pode ter um efeito contrário ao desejado pelo Poder Executivo. Isso poderia "resultar em uma investigação limpa, ao contrário do que deseja o governo", explicou Torres.
— O governo está todo enrolado com os cartões e se esqueceu de que seus aliados no Senado não serão suficientes para obstruir tanto a CPI das ONGs (organizações não-governamentais) como a nova, dos cartões — previu.
Torres acrescentou que, por via das dúvidas, a oposição passará a trabalhar na segunda-feira para conseguir outras 27 assinaturas, "idôneas, que não possam ser retiradas no caso de o governo mudar de opinião".
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