| 10/02/2008 08h30min
Mais uma jornada eleitoral e tudo continua igual entre os democratas, em um insistente empate entre Hillary Clinton e Barack Obama que começa a enervar o Partido Democrata que, cada vez sob mais pressão, quer definir seu candidato à Presidência dos Estados Unidos.
Obama foi o vencedor democrata da noite de sábado — ganhou em todos os estados, Nebraska, Louisiana e Washington — mas dividirá proporcionalmente com Hillary os 158 delegados democratas em jogo.
Enquanto isso, Mike Huckabee, o vencedor republicano do sábado no Kansas e na Louisiana, levou os 56 delegados destes estados. McCain só
ganhou no estado de Washington.
Tudo indica, portanto, que as pretensões
de conseguir definir o candidato democrata o mais rápido possível, já manifestadas pelo presidente do Partido Democrata, Howard Dean, terão que esperar.
— Acho que teremos um candidato para metade de março ou em abril — disse Dean, sem esconder o temor diante da possibilidade de que isso não aconteça assim, porque, disse, "não podemos enfrentar" uma convenção aberta.
Se as primárias que restam - entre elas várias consideradas "chaves", como as da próxima terça-feira em Maryland, Virgínia e Washington DC e depois em estados fortes, como Texas, Ohio e Pensilvânia - continuarem dividindo delegados eqüitativamente entre os dois candidatos democratas, o futuro pode ser sombrio.
Nesse caso, os analistas apontam a possibilidade de que os "superdelegados" — que recebem esta condição em função de seu cargo, mas que não são escolhidos e votam finalmente segundo suas preferências — fiquem responsáveis por decidir o candidato.
Os
superdelegados são membros do aparelho do partido tanto
nos diferentes estados quanto em nível nacional. Entre eles, há, por exemplo, os ex-presidentes, têm assento e voto na convenção e são cerca de 800.
A possibilidade de os superdelegados não escolhidos, e não os votos das primárias e os "caucus", decidirem a candidatura democrata gera preocupação entre muitos democratas.
Donna Brazile, estrategista democrata e que assessorou Bill Clinton e Al Gore, foi taxativa:
— Se 795 dos meus colegas decidirem esta eleição, deixo o Partido Democrata. Tenho isso muito claro.
Até este momento, Hillary cortejou melhor os superdelegados que Obama e tem melhor apuração - 193 contra 106 - mas restam outros 500 a obter, e essa disputa também pode ser dura.
Com este panorama democrata, tudo parece indicar que o republicano John McCain, que apesar da vitória de Huckabee hoje no Kansas e na Louisiana, ficou sem adversário efetivo nesta campanha.
Mas, apesar de
sua divisão - ou justamente por causa dela -, os estrategistas democratas
começaram a dar os passos necessários para que seu candidato, seja quem for, possa bater McCain em novembro, já que o mesmo já desponta como o candidato republicano.
Segundo o jornal "The Politico", os democratas já estão preparando "munição" contra McCain durante a campanha eleitoral, e "desencavaram" algumas de suas últimas confissões a respeito, por exemplo, da economia.
— Os assuntos econômicos são algo que eu não entendo tão bem quanto deveria — disse McCain durante a campanha em New Hampshire.
O mesmo acontecerá com as posições do republicano em relação à ao Iraque, um assunto no qual os democratas estão decididos a mostrar que votar em McCain será votar "um terceiro mandato de George W. Bush".
Não servirá para muito McCain ter criticado a estratégia do Pentágono - do ex-secretário da Defesa Donald Rumsfeld, em particular - durante toda a primeira parte da disputa. Para os democratas, a visão do republicano de que a guerra
deve continuar até a vitória é suficiente para
desprestigiá-lo.
Junto a isso, estão as reservas que o provável candidato republicano gera entre o círculo mais conservador de seu próprio partido, devido a suas posições, por exemplo, sobre a imigração.
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