| 13/02/2008 15h09min
E no sétimo dia chegou Madonna, que veio exibir seu longa de estréia na direção, Filth and Wisdom. Na verdade, Madonna chegou ontem à tarde e, à noite, os jornais do dia já estampavam sua foto na capa. O 58º Festival de Berlim começou com os Rolling Stones, personagens do documentário Shine a Light, de Martin Scorsese. Que evento midiático para competir com os Stones? Madonna.
Ela veio e, às 10 da manhã — seu filme foi exibido para imprensa 15 minutos depois —, a confusão já estava formada. Havia gente demais para ver Filth and Wisdom. Os que ficaram de fora não pararam de protestar. A coletiva, prevista para o fim da tarde local foi realizada segundo regras estritas. Meia hora antes do horário estabelecido (16h45), as portas já estavam fechadas.
Todo este frenesi faz sentido? Para tristeza dos que gostariam de ouvir um protesto do tipo "a Berlinale vendeu-se ao show biz e ao mainstream", vamos logo
dizendo que a loira conseguiu. Filth and Wisdom não é um
objeto exótico. É um filme, e uma das boas coisas vistas num festival cuja seleção tem sido decepcionante, com pontos abaixo de toda crítica (Gardens of the Night, de Damian Harris, e Julia, de Erick Zonca, estão levando o Urso de barro de piores).
Filth and Wisdom deve muito de sua empatia ao ator que faz o protagonista, AK, um ucraniano emigrado para a Inglaterra, misto de filósofo, poeta e autoridade nos aspectos mais sórdidos da vida. Eugene Hutz não é ator e sim o vocalista da banda gypsy-punk Gogol Bordello, que fez o aquecimento para shows de Madonna em sua última turnê. Foi ao vê-lo soltar-se no palco que ela teve certeza de que poderia levar adiante o projeto do filme.
Filth and Wisdom (Sujeira e sabedoria). A tese do filósofo popular AK é que uma não existe sem a outra, compondo as duas faces da mesma moeda. Todos somos um pouco depravados e um pouco
santos. Não há sombra sem luz, nem vice-versa. Para ilustrar sua tese, Madonna criou
este personagem que divide um apartamento com duas garotas. Todos possuem grandes ambições, grandes sonhos, mas vivem divididos.
A tese de não ceder ao miserabilismo e acreditar no pensamento positivo é a mesma defendida por Mike Leigh em seu Happy-Go-Lucky, que, com média de 3,2 (num total de quatro estrelas), ocupa o segundo lugar no quadro de preferências dos críticos da revista Screen (o primeiro é Sangue Negro, com 3,3).
Para sua informação, Tropa de Elite tem 2,4. O filme de José Padilha ganhou duas cotações máximas (do crítico Tobias Knieve, do jornal alemão Suddeusche Zeitung, e da própria revista). O que nos derruba é a uma estrela concedida por outro alemão, Jan Schulz-Ojala, de Der Tagesspiegel, e Derek Malcolm, do London Evening Standard).
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