A Rússia advertiu nesta sexta-feira que mudará sua política sobre as regiões separatistas georgianas da Abkházia e da Ossétia do Sul caso o Kosovo proclame unilateralmente sua independência.

"A proclamação e o reconhecimento da independência do Kosovo obriga a Rússia a corrigir sua política na Abkházia e na Ossétia do Sul, onde a imensa maioria da população conta com a cidadania russa", afirma um comunicado do Ministério russo de Assuntos Exteriores.

Segundo a nota, publicada após uma reunião de Sergei Lavrov, titular da pasta, com os presidentes da Abkházia, Sergei Bagapsh, e da Ossétia do Sul, Eduard Kokoiti, a Rússia vem considerando a possibilidade de ampliar a ajuda econômica e humanitária a estas duas regiões.

"A Rússia confirma sua intenção em cooperar na solução pacífica dos conflitos entre a Geórgia e as regiões da Abkházia e da Ossétia do Sul e de fazer todo o possível para lutar contra qualquer tentativa de resolver os problemas mediante o uso da força", acrescenta o comunicado.

Durante a reunião, Lavrov e os dirigentes da Abkházia e da Ossétia do Sul trocaram opiniões a respeito da solução do conflito diante da possibilidade de que o Kosovo proclame sua independência e a intenção de vários estados em reconhecer a legitimidade deste passo.

O texto acrescenta que "se expressou a preocupação pelas conseqüências destrutivas que poderia acarretar o reconhecimento da independência do Kosovo".

Pouco antes, o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores russo Mikhail Kaminin tinha declarado que a falta de consenso durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o Kosovo "deveria fazer com que aqueles que pretendem empurrar a Pristina a proclamar sua independência refletissem".

— Seguimos convencidos de que a declaração unilateral de independência do Kosovo não corresponde com o direito internacional — disse.

O porta-voz ressaltou que "o resultado do debate no Conselho de Segurança da ONU evidencia novamente o quanto a Rússia tem razão em seu enfoque à problemática do Kosovo".

Kaminin também acrescentou que essa falta de consenso demonstra que "o problema do futuro desta província vai além dos limites de uma região".

Segundo o porta-voz, "a esmagadora maioria dos membros do Conselho de Segurança expressou sua preocupação pelas possíveis conseqüências de uma declaração unilateral de independência do Kosovo para outras regiões do mundo".

Na véspera, o Conselho de Segurança realizou uma reunião de caráter urgente, depois que os líderes da Albânia e do Kosovo anunciaram que a província poderia proclamar sua independência no próximo domingo.

Durante a reunião, convocada a pedido da Rússia e da Sérvia, os quinze membros do Conselho de Segurança e outros países que estiveram presentes não chegaram a um consenso.