Às 16h40min de terça-feira, depois do aquecimento, os jogadores do Grêmio Jaciara formam um círculo no campo suplementar C do Estádio Beira-Rio, dão as mãos e oram. Na véspera do maior jogo da sua história, o clube mato-grossense pede proteção divina e agradece pelo sonho realizado.

— É um sonho, porque todos sabem que o Grêmio Esportivo Jaciara foi originado do Grêmio. Os dois jogos mais importantes da história do Grêmio Jaciara, sem dúvida, são esses dois contra o Grêmio de Porto Alegre. Em Jaciara, só se fala na Copa do Brasil. A cidade está muito entusiasmada. A imprensa me liga a toda a hora, querendo saber como está a equipe, o ambiente... — conta, animado, o presidente Anildo Dutra.

Aos 21 anos, Marinho é o único "prata-da-casa" do Jaciara que integra a delegação. Há quatro anos do clube, o zagueiro tenta conter o sorriso fácil, mas não esconde o deslumbramento pelas dependências do Beira-Rio:

— Esse CT é uma maravilha!

No entanto, o Jaciara ambiciona mais do que apenas forçar o segundo jogo e fazer turismo na capital gaúcha.

— Turismo, não! Espero que a experiência nos traga boas recordações e um resultado positivo — diz o meia Laírson, um dos principais jogadores da equipe.

— Fomos muito bem recebidos no aeroporto Salgado Filho, tinha muitos colorados recepcionando a gente, a imprensa também. Estamos muito felizes com o tratamento do pessoal gaúcho. Mas, diante do que jogamos em Cuiabá, temos a possibilidade de criar dificuldades para o Grêmio — acredita o simpático Anildo Dutra.

Com seis vitórias em seis jogos pelo Campeonato Mato-Grossense e uma boa atuação na primeira partida da Copa do Brasil, o Jaciara aposta no conjunto para surpreender o xará famoso.

— Temos a possibilidade de conseguir um resultado inédito. Podemos não conseguir, mas vamos dar trabalho — garante o técnico José Macena, ex-supervisor de futebol do Marília e com passagens pelas categorias de base do São Paulo e do Corinthians.